Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
Como todos sabemos, os mercados lácteos internacionais, depois dum período negativo, alteraram-se profundamente desde o 2º semestre, registando melhorias significativas, com o aumento constante da procura, com reflexos nos preços dos produtos lácteos praticados, como por exemplo, no preço da manteiga que subiu 82% em maio face ao ano anterior, no leite em pó inteiro que aumentou 42%, o leite em pó magro em 11%, o queijo cheddar em 30% ou do queijo edam em 46%; As exportações da União Europeia também registarem subidas consecutivas; O Leilão GDT (Global dairy trade) com origem na Fonterra (Nova Zelândia) e que constitui um dos principais barómetros dos mercados internacionais, continua a registar subidas dos preços.
Igualmente, nos últimos meses tem-se registado diminuição da produção de leite na Europa, verificando-se em março, uma descida de 1,8% em relação ao mesmo mês de 2016, enquanto a produção já tinha diminuído 2,5% em 2016 face a 2015.
Estes são os factos incontestáveis dos mercados e que têm sido responsáveis pelo aumento consistente dos preços do leite praticados na europa, onde desde Julho de 2017, já subiu em média, 7 cêntimos por litro ao produtor!
Infelizmente em São Miguel, mais uma vez as indústrias retardam o aumento do preço o mais possível, porque as condições para as subidas existem e estão à vista de todos, e o aumento de 1 cêntimo aplicado em Janeiro pela Bel e Insulac e em Junho pela Unileite, é residual e insignificante face à evolução do mercado e mesmo com o continente, que registou subidas superiores.
O preço pago aos produtores nos Açores é neste momento o mais baixo da Europa, conforme está bem expresso nos quadros que se apresentam na última página deste jornal, registando-se inclusive, uma descida de 2% face ao mês de março de 2017 (embora, percentualmente, a descida mais drástica tenha sido a de São Miguel com 3,6%), cifrando-se o preço em 27,5 cêntimos por litro, ao contrário da média europeia que é de 33,1 cêntimos por litro.
Estas são diferenças reais e que envergonham os produtores de leite Açorianos, porque o esforço de modernização que ocorreu nas explorações agropecuárias, foi realizado à custa de muito investimento e trabalho, e perante a atual realidade da fileira, o futuro de muitos, está necessariamente posto em causa.
Não podemos aceitar que os elevados investimentos realizados na modernização das fábricas de lacticínios não tenham o retorno devido para a produção.
É inadmissível que os rendimentos dos produtores de leite sejam baixos porque o nosso leite, que é um dos melhores do mundo, é o mais mal pago da Europa, o que constitui uma grande desilusão para todos.
Esta é uma situação que tem de mudar rapidamente, e a nossa expectativa de aumentos do preço de leite é legítima e justa, e já peca por tardia.