Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
O setor agrícola na região encontra-se num momento muito particular, onde existem sinais positivos, como a descida de alguns dos custos dos fatores de produção, embora outros, continuem altos, decorrentes da elevada inflação ainda existente, das taxas de juros em vigor e também da incerteza dos mercados dos combustíveis, que tem originado subidas abruptas do gasóleo agrícola para valores demasiado elevados.
Paralelamente, o preço de leite tem sofrido algumas quebras perante os comportamentos dos mercados. Temos consciência que os mercados não estão tão favoráveis como já estiveram, mas não podemos deixar de lamentar que a indústria açoriana nunca tenha chegado aos preços máximos de alguns países que agora, registaram descidas. Igualmente, as subidas verificadas no preço de leite nos Açores foram sempre mais lentas das do continente (algumas das quais nunca aconteceram na região), ou seja, os produtores continentais receberam leite a preços muito mais elevados que os dos Açores, durante um período mais alargado. E quando chegam os períodos de descidas de preços do leite, algumas das indústrias regionais são sempre das primeiras a refletirem nos produtores, as suas ineficiências.
Infelizmente, esta postura das indústrias que não consegue ser alterada, resulta da subvalorização de grande parte do leite dos Açores, mas isso não nos retira do nosso foco, porque continuaremos a defender permanentemente, o aumento de produtos de valor acrescentado na fileira do leite, tal como temos feito insistentemente, e cada vez mais, esta é uma estratégia aceite por muitos agentes políticos e económicos, pelo que, acreditaremos sempre, que o leite tem futuro na Região Autónoma dos Açores.
De referir que o relatório da PARCA sobre o leite UHT vem confirmar o que dizemos com frequência ao longo do tempo: enquanto a produção regista prejuízos, a indústria e a distribuição obtêm lucros. Confirma-se assim, que o parente pobre da fileira do leite é sempre a produção.
O setor agrícola deve continuar a ser uma aposta não só dos agentes económicos, mas também do poder político, e está mais do que provado, que o investimento na agricultura tem retorno na economia de todas as ilhas dos Açores, com repercussões sociais de grande impacto junto das comunidades locais. O leite, a carne, o setor hortofrutícola, a floricultura, a agricultura biológica, a vinha, o chá, o café ou mesmo a floresta, têm de continuar a ser acarinhados, porque a qualidade existente na região é inquestionável e única.
Esta é uma realidade incontornável e para qual é preciso que o investimento público, não só tenha os meios financeiros suficientes, mas também, seja dirigido ao setor agrícola duma forma criteriosa, para que da sua execução, surjam resultados capazes de melhorar a competitividade das explorações agrícolas e com isso, se promova a inovação e a modernização necessárias, que permitam acrescentar valor ao maior e melhor setor económico regional, contribuindo dessa forma, para o desenvolvimento sustentável dos Açores que todos desejamos.
Jorge Alberto Serpa da Costa Rita