
Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
As eleições para os órgãos sociais da Associação Agrícola de São Miguel e da Cooperativa União Agrícola que decorreram no passado dia 10 de janeiro, viram reforçar duma forma massiva e convicta, o trabalho que tem sido realizado ao longo dos últimos mandatos, que tem tido sempre como principal objetivo, defender intransigentemente os interesses dos associados e cooperantes e também, dos Agricultores Açorianos.
Esta legitimidade subscrita pelos associados e cooperantes nas urnas, veio dar mais força às pretensões destes órgãos sociais e principalmente do seu conselho de administração que desenvolve uma ação diária na procura de soluções que sejam capazes de dignificar a agricultura, enquanto atividade económica e social de grande importância em São Miguel e consequentemente na Região Autónoma dos Açores.
Temos a consciência que se aproximam desafios de grande relevância para a Agricultura dos Açores, devido à permanente instabilidade existente a nível mundial que se reflete na gestão que os agricultores têm de fazer nas suas explorações. As alterações políticas constantes repercutem-se regularmente nos mercados, algumas vezes duma forma abusiva, mas, as suas consequências são sempre reais nas atividades económicas, nomeadamente, numa região ultraperiférica como a nossa.
O preço do leite é sempre uma preocupação para a Associação Agrícola de São Miguel, e nunca descansaremos enquanto os produtores não forem pagos justamente pelo leite que entregam nas fábricas. Sabemos da qualidade da nossa lavoura e nunca abdicaremos da procura de melhores condições para quem se dedica a uma atividade tão exigente, sujeita a permanentes mudanças das condições em que é exercida por imposições das indústrias ou pela política agrícola definida pela União Europeia, onde as consequências das alterações climáticas assumem particular pertinência.
Por outro lado, a entrada em vigor do PEPAC-Açores, a utilização do PRR, a falta de mão de obra, a dificuldade de entrada de jovens no setor, são preocupações legitimas que nos obrigam a estar permanentemente atentos, para que possam ser tomadas, caso seja necessário, medidas que permitam aos agricultores ultrapassar as dificuldades existentes e assim, assegurar o futuro da Agricultura dos Açores.
Temos contado com o apoio do Presidente do Governo dos Açores que tem percebido as dificuldades dos agricultores, tendo sido tomadas algumas medidas de grande alcance, onde se destacam a eliminação dos rateios do Posei e do Prorural+, a redução voluntária da produção de leite, a reconversão de leite para carne, a distribuição de direitos de vacas aleitantes, o apoio à sementeira de milho e sorgo, a liberalização do gasóleo agrícola já em 2025, os apoios às intempéries e apoio à fibra, palha, feno e luzerna ou a implementação de um novo Safiagri.
Mas a realidade do setor agrícola é dinâmica e encontra-se em constantes transformações, pelo que, pretendemos que seja criado um calendário indicativo das ajudas regionais aos agricultores, bem como a melhoria das infraestruturas agrícolas, nomeadamente dos caminhos agrícolas, o que muito contribuiria para uma adequada gestão das explorações agrícolas.
Em 2025, a Associação Agrícola de São Miguel comemora 50 anos, sendo hoje uma Instituição forte, robusta e reconhecida na região, no continente e na Europa pelo desempenho exemplar que tem tido na defesa dos agricultores, daí, que será desenvolvido um programa de comemorações durante o corrente ano.
Sabemos que a situação é complexa e por vezes imprevisível, mas também sabemos que os Açores só são sustentáveis, se existir uma agricultura coesa e robusta capaz de alavancar as nove ilhas da região.
Jorge Alberto Serpa da Costa Rita