O ano de 2023 apresenta-se cheio de dúvidas e incertezas, atendendo às indefinições existentes nível mundial. A guerra da Ucrânia continua a influenciar muitos dos comportamentos da economia, pelo que, os aumentos dos custos de produção ligados ao setor agrícola, nomeadamente, nas matérias-primas, nos fertilizantes, nos combustíveis, na energia e na mão de obra, poderão permanecer em 2023. A inflação prevista embora tenha tendência a abrandar, continuará em alta face a anos anteriores. Por outro lado, os custos financeiros, relacionados com as taxas de juros, poderão provocar o asfixionamento de muitos empréstimos dos agricultores junto da banca. Não nos podemos esquecer que devido às dificuldades do setor agrícola nos últimos anos, muitos agricultores tiveram de recorrer ao crédito, para poderem exercer a sua atividade.

Face a esta realidade, os preços pagos à produção, nomeadamente na área do leite, têm de aumentar, porque se tal não acontecer, e atendendo à manutenção neste ano, das portarias da reconversão de leite para carne e da redução voluntária da produção de leite, as industrias tal como aconteceu em 2022, tenderão a recolher menos leite, pelo que, têm de implementar estratégias que permitam manter ou aumentar a sua laboração, e isso só acontecerá, se o leite pago ao produtor for compensador e portanto, mais bem pago.

O Governo Regional dos Açores também não se pode alhear da realidade do setor agrícola e por isso, tem de adotar as medidas necessárias capazes de minimizar o  aumento dos custos de produção, nomeadamente, com a implementação de um novo Safiagri. No que se refere à mão de obra, que é cada vez mais, um fator limitante na gestão das explorações, têm de ser alteradas as politicas de trabalho existentes e que contribuíram para a atual situação. Instrumentos financeiros comunitários, como o PEPAC 23-27 e o próprio PRR, devem ser implementados rapidamente, para que o investimento no setor agrícola possa continuar e assim, permitir maior modernização das explorações agrícolas.

Naturalmente, que os agricultores devem tentar diminuir a componente da despesa das suas explorações, e aumentar a receita, mas, e embora a Associação Agrícola de São Miguel possua serviços de apoio direcionados para os associados que permitem racionalizar custos e potenciar proveitos, esta situação não é fácil para muitas explorações, que tiveram de investir para aumentar eficiências e também para poderem cumprir com as obrigações decorrentes das regras e imposições da Politica Agrícola Comum.

Aguarda-se que o próximo ano seja difícil e exigente, mas os Agricultores Açorianos continuarão a provar e a demonstrar, que o setor agrícola é imprescindível na coesão economia e social dos Açores.