Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
A fileira do leite na região pode atravessar mais um período de grandes dificuldades em virtude das últimas noticias, que anunciam descidas de leite abruptas por algumas indústrias, que são mais uma vez as primeiras a ter uma atitude prepotente e completamente fora do enquadramento do que são as condições económicas existentes, onde a inflação tem uma influência decisiva em toda a sociedade.
Entende-se que qualquer empresa deve ter lucros, porque só assim é que são sustentáveis, mas estes, não podem ser obtidos duma forma injusta e descabida. Os rácios, os indicadores e os números que fazem parte duma gestão financeira eficiente, não podem ser feitos à custa de quem trabalha e leva uma vida honesta, árdua e de grande dedicação, como os produtores de
leite. As empresas agroindustriais são atualmente fundamentais no contexto económico, mas não podem assentar os seus resultados, única e exclusivamente na sua relação com a produção.
Sem agricultores, não há agricultura, e sem isso, não há negócios nesta área.
As indústrias na região que anunciaram a baixa o preço de leite estão a hipotecar a fileira no curto e médio prazo, porque estão a criar condições para que os produtores de leite não queiram continuar a atividade de excelência que desenvolvem, e que se constata por exemplo, com a aderência crescente dos produtores à reconversão de leite para carne, bem como, à redução voluntária da produção de leite. E mais do que tudo, estão a afastar os jovens da fileira do leite, continuando a insistir em estratégias erradas e desajustadas, que poderão ter consequências muito graves num tempo mais próximo do que possam perspetivar.
O futuro da fileira do leite está em causa, e face ao elevado investimento que foi sendo realizado na modernização das indústrias feito pelo governo regional e pelos fundos comunitárias, está na hora de sabermos o que pretendemos para a nossa região. Já houve ilhas onde o leite acabou, outras que se houvessem condições para que a reconversão existisse, talvez também já tivesse acabado.
O desânimo da fileira está a se aproximar dum patamar muito perigoso, em que a partir de um certo ponto, não há retorno.
O Governo que tem implementado medidas positivas para a fileira, tem de estar ao lado da produção porque sabe que os produtores de leite são confiáveis e são aqueles que produzem
uma matéria prima de excelente qualidade, mas que, infelizmente, não é devidamente aproveitada por alguma indústria que gosta de exercer o seu poder duma forma arbitrária e sem perspetiva de futuro.
A economia dos Açores precisa duma fileira de leite forte e sustentável, como se pode constatar pela análise dos grandes indicadores económicos existentes (facto devidamente reconhecido), por isso, quem tem responsabilidades na indústria de leite na região, tem de saber e perceber a sua importância na coesão económica e social local, porque os que não têm este entendimento, provavelmente, não têm condições para exercer a sua atividade nas nossas ilhas.