O presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita participou no Fórum "Os Desafios dos Jovens Agricultores e o Futuro da PAC pós 2020", organizado pela Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses, no passado dia 25 de Maio, no Auditório do Nonagon.

Na sua intervenção teve ocasião de defender a inclusão de seguros de rendimento na reforma da Política Agrícola Comum (PAC) pós 2020, já que a sua implementação é uma forma de garantir uma estabilidade de preço mínimo, em caso de descida dos mercados, permitindo ainda servir de apoio aos agricultores se fossem afetados por fenómenos da natureza.

Jorge Rita, presidente da Federação Agrícola dos Açores, defendeu que "não há nada pior para as organizações dos produtores do que estar a mendigar apoios", sendo essencial criar um mecanismo de proteção aos produtores nos momentos de crise.

"As crises vão continuar, por diversas variáveis, com intervalos mais curtos. É preciso criar seguros de rendimento. A União Europeia tem a obrigação de criar seguros", sustentou o representante dos produtores, acrescentando que as últimas ajudas para acudir à crise do leite "foram miseráveis e ridículas".

O presidente da Federação Agrícola dos Açores solicitou ainda um reforço de verbas do POSEI, porque "foram esgotadas todas as medidas de apoio e por outro lado, o orçamento da PAC deveria financiar somente as ações relacionadas com a agricultura, floresta e agro-indústria".

Jorge Rita continua a defender que a União Europeia deverá promover, no imediato, medidas especiais de apoio para minimizar os efeitos da descida acentuada do preço do leite aos produtores.

"Já alguém analisou quanto pode custar a falência do setor leiteiro nos Açores? Seria a falência das famílias dos produtores, das indústrias e das fábricas de rações. É importante fazer essas contas para conhecermos o impacto económico e social da falência deste setor. Não seria mais fácil haver uma defesa da União Europeia em tempo de crise? Esta é que precisa ser a bandeira dos Açores", sustentou o presidente da Federação Agrícola dos Açores.

Relativamente à nova PAC "os procedimentos administrativos (sanções e controlos) devem ser simplificados para os agricultores", afirmou Jorge Rita.

Todos reconhecem ser preciso melhorar formação na agricultura

A criação de uma "verdadeira" escola agrícola nos Açores foi um tema que mereceu um amplo consenso junto da maioria dos oradores do Fórum promovido pela Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses.

Jorge Rita, presidente da Federação Agrícola dos Açores, assumiu que atualmente "é de arrepiar" as pessoas que são selecionadas para os cursos profissionais de agricultura, sendo que Luís Dâmaso, representante da Bovinaçor, referiu que a maioria dos alunos dos cursos "nem sempre apresentam o foco desejado".  João Monteiro, representante da empresa Easy Fruits and Salads, considera que a formação teórica é importante, mas é necessário aumentar as aulas práticas, porque ninguém "aprende a ser agricultor num estágio de dois meses. É preciso mais tempo para se saber trabalhar na agricultura".

O projeto defendido pela Associação Agrícola de São Miguel para a criação de uma escola agrícola nos Açores assenta "essencialmente em aulas práticas", sendo dimensionada com as reais necessidades do setor. Atualmente, Jorge Rita assume que apenas se está a atirar "as pessoas para a escola para terem a equivalência ao 12.º ano". O reforço da formação profissional na área agrícola é apontado como um caminho obrigatório para garantir a evolução das empresas agrícolas regionais.