“Os produtos dos Açores têm de ser reconhecidos e considerados de gama alta” | Agricultor 2000


O Presidente da Federação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, participou num seminário "oportunidades europeias para os agricultores açorianos", onde falou sobre as dificuldades por que atravessa o setor leiteiro na Região e apelou a que se procurem novos mercados para os produtos dos Açores que têm qualidade mas ainda não são reconhecidos como tal.

O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel e da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, marcou presença no Seminário sobre as "oportunidades europeias para os agricultores açorianos", realizado no parque de exposições e organizado pela eurodeputada Sofia Ribeiro e onde esteve também o Director-Geral de Agricultura e Desenvolvimento da Comissão Europeia, e responsável pela política da qualidade dos produtos agrícolas europeus, Diego Canga Fano.

Na mesa redonda sobre "a qualidade e os desafios à exportação dos produtos agrícolas açorianos" foram intervenientes o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel e da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, Eduardo Vasconcelos, da BEL, Jorge Costa Leite, da Insulac, e Lurdes Rego do SolMar.

Na sua intervenção Jorge Rita começou por dizer que "não existem soluções mágicas para os problemas dos produtores açorianos", sendo que o desafio para ultrapassar a situação de crise que se vive no setor também passa por quem transforma e quem comercializa.

O Presidente da Federação Agrícola dos Açores especificou que os produtores têm sabido corresponder ao que lhes é pedido, com uma produção com qualidade, "que está intrínseca nos nossos produtos". Uma qualidade que obriga depois todos os restantes intervenientes na fileira "a fazer mais e melhor", já que a produção "foi a que melhor se adaptou às exigências". Jorge Rita destacou que a produção é "muito resiliente, mas temos o preço do leite delapidado" e por isso alertou que "daqui a dias não temos lavradores".

É por isso necessário procurar e investir em novos mercados, como os Estados Unidos da América ou Canadá que "estão identificados com os nossos produtos", uma vez que o mercado nacional "não vai potenciar os nossos produtos". O mar, os transportes e as distâncias são um problema, reconhece Jorge Rita, que entende que ajudas de Bruxelas podem ajudar a chegar a novos mercados. "A Região tem de antecipar-se, temos de estar na linha da frente", defendeu Jorge Rita que salientou que a Marca Açores e outras campanhas promocionais que anunciam o verde das pastagens açorianas "são vantagens comparativas" dos produtos dos Açores. Que poderiam ser melhor potenciados com a ajuda da Universidade dos Açores que "mais próxima da produção pode confirmar que o nosso leite é o melhor do mundo. Se for confirmado pela comunidade científica, contrariando opiniões que o leite e a carne são prejudiciais, vai ser mais benéfico", explicou Jorge Rita.

O Presidente da Federação Agrícola dos Açores deixou ainda o alerta que "a Região não tem sabido defender as suas produções" já que os produtos dos Açores têm de ser considerados de gama alta.

À margem do Seminário, onde Diego Canga Fano deu a conhecer a possibilidade dos Açores recorrerem ao regulamento comunitário para promoção de produtos agrícolas que tem disponível 111 milhões de euros para 2016 e previsto 123 milhões de euros para 2017, Jorge Rita salientou que ainda vai ser possível reunir condições para apresentar em Janeiro uma ou várias candidaturas de produtos açorianos ao programa de promoção de produtos agrícolas.

Neste sentido, o Presidente da Federação Agrícola dos Açores referiu que em breve iria haver uma reunião do Centro Açoriano de Leite e Laticínios (CALL) que foi criado para acompanhar e intervir no sector do leite e laticínios na Região e onde têm assento o Governo Regional, a produção e a indústria.

O objetivo é concertar estratégias e "saber como podemos fazer uma candidatura em conjunto para a promoção dos produtos regionais no seu todo", ao mesmo tempo que servirá "para demonstrar que temos todo o interesse em valorizar os nossos produtos e ter novos mercados e oportunidades".

Jorge Rita mostrou-se confiante que os apoios deste programa podem vir através de uma candidatura apresentada pelo CALL.