“Se a indústria não aumentar o preço do leite estará a arrastar produtores para a falência” | Agricultor 2000


O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel diz há "injustiças" que ainda é necessário resolver, sob pena do setor leiteiro se afundar na Região, arrastando consigo a restante economia açoriana. O aumento do preço do leite pago pela indústria à produção e a continuidade dos apoios do Governo Regional até aqui garantidos, são fundamentais para que "o setor se mantenha à tona de água", garante

O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, diz que se não houver por parte da indústria um aumento do preço do leite pago à produção "estará a arrastar para a falência um grande número de produtores".

Jorge Rita lembrou que por toda a Europa o preço do leite já aumentou, estando em média a ser pago a 33 cêntimos, mas na Região "algumas indústrias teimam em não aumentar o preço do leite", colocando os Açores abaixo da média a nível nacional, que se encontra na cauda dos preços praticados na União Europeia. 

O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel explica que também o Governo Regional "neste momento crucial" tem de assumir "os compromissos com a lavoura e, em termos orçamentais, tem de continuar a pagar os 45 euros por vaca" que vinham sendo concedidos pela Região. "Não podemos nem vamos aceitar que o Governo Regional retire ou diminua alguns apoios que já tivemos", explica Jorge Rita que acrescenta que "não é para os agricultores ganharem dinheiro, é para se manterem à tona de água porque se não for assim, muitos vão à falência, e isso é muito mau para a economia da Região já que se muitos setores emergentes têm sucesso, isso deve-se à agricultura que temos na Região".

Esta é uma das reivindicações que a Associação Agrícola de São Miguel e a Federação Agrícola dos Açores têm vindo a defender, a par da questão dos pagamentos à segurança social que é "uma questão nacional" mas que o Governo Regional também tem de trabalhar de forma mais persistente para se encontrar uma solução".

Também o pagamento especial por conta é "uma grande injustiça" para com os empresários agrícolas açorianos e que importa corrigir. A nível nacional, por exemplo, houve um acordo com os parceiros sociais para que o pagamento especial por conta fosse reduzido para as empresas em troca do aumento do salário mínimo. "Devia também ter sido incluído o pagamento por conta, que é para os empresários, e no caso concreto, para os empresários agrícolas", lembra Jorge Rita que reforça que "o pagamento especial por conta é para as empresas e o pagamento por conta é para os empresários".

Porque está em causa a sobrevivência de algumas explorações agrícolas, Jorge Rita assume que "são lutas que não vamos desistir" até porque tudo junto "são situações que temos de reivindicar para que o rendimento dos agricultores se mantenha no mínimo sustentável". Se não for assim "o setor leiteiro afunda-se nos Açores", reforça Jorge Rita.