Colóquio Nacional do Leite 2021 contou com a participação de Jorge Rita | Agricultor 2000


A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, assinalou no dia 4 de março, o seu 11º aniversário com a segunda parte do "Colóquio Nacional do Leite 2021", que se realizou online e foi emitido na página de Facebook da Associação. O tema principal da sessão, foi: "Como valorizar o leite na futura PAC?" e pretendeu dar continuidade ao objetivo de lutar de forma consistente e organizada por um preço justo para o leite português.

 

A sessão de abertura do colóquio contou com mensagens do Presidente da APROLEP, Jorge Oliveira, da Presidente do European Milk Board, Sietavan Keimpema, do Secretário Regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, António Ventura e da Ministra Nacional da Agricultura, Maria do Céu Antunes. Seguindo-se de um debate que teve como moderadora a jornalista Teresa Silveira e contou com as intervenções dos antigos Ministros da Agricultura António Serrano e Arlindo Cunha, do Diretor do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, Eduardo Diniz e do Presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita.

 

"A região dos Açores, tem uma enorme propensão e paixão pela produção de leite"

Jorge Rita, quando questionado pela jornalista, Teresa Silveira sobre a valorização da nova Política Agrícola Comum quanto ao leite nacional, mais concretamente quanto ao leite dos Açores, respondeu a esta questão, apresentando diversos fatores que necessitam de uma mudança. Primeiramente, destacou a enorme importância que este colóquio acarretou, pois é relevante que se saiba que os Açores são uma parte de Portugal, com uma produção de 35% do leite nacional. Para o Presidente da Federação Agrícola, o grande problema, não passa apenas pela atribuição dos apoios, mas "pela discrepância do preço do leite justo pago ao agricultor", Jorge Rita, justificou dizendo que "tenho consciência plena que todos os produtores dispensavam toda a subsidiação que existe e entregavam-na ao consumidor", porém para o Presidente, o que é dramático, é  "o facto de sermos conotados a fortes subsidiações, por ignorância de muitos, pois parece que apenas os agricultores regionais e nacionais são subsidiados, quando no entanto sabemos que em toda a Europa, Portugal é dos países que recebe menos".

No que diz respeito à convergência entre o 1.º e o 2.ª pilar da política agrícola comum pretendida para o próximo quadro comunitário de apoio, Jorge Rita afirmou que por um lado "a convergência na Europa deve ser uma realidade, em que os países mais pobres devem ter mais apoios, para haver uma maior equidade entre os agricultores a nível europeu", mas por outro lado, em Portugal, a convergência é quase um assunto tabu "já que nem todos aceitam esta convergência".

Quanto a este entrave, Jorge Rita chamou atenção para "a divisão da riqueza (…) há que existir estratégias nacionais e internacionais para a distribuição de excedentes lácteos para os Países com acordos comerciais, nomeadamente, os PALOP". Para o produtor de leite, "nesta guerra da fileira do leite, não são as indústrias nem a distribuição que saem penalizadas, mas sim os produtores", isto por que quando o mercado não está a funcionar corretamente, a Indústria baixa, e de modo a diminuir estas consequências,  Jorge Rita sublinha que a solução para esta questão passa pela valorização do leite e dos seus derivados, "nós temos produtos de excelência, agora há que insistir na certificação e apresentação de vários produtos, denominações de origem dos produtos e investimento na sua comercialização nos novos mercados, nomeadamente na internacionalização de mercados", Jorge Rita apelou para que estas medidas sejam tomadas na Europa e em Portugal de forma a que se evite a penalização dos produtores, que sempre se mostraram resilientes, mesmo nos tempos atuais marcados pela pandemia de Covid-19.