Associações preocupadas com baixa de rendimentos e pedem soluções | Agricultor 2000


Associação Agrícola de São Miguel e Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses alegam que produtores de leite enfrentam "situação dramática" e pediram reunião com as indústrias e com o Governo.

Após reunião havida entre a Associação Agrícola de São Miguel e a Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses para avaliação da fileira do leite, estas Instituições vêm alertar para a situação dramática dos produtores de leite, atendendo à diminuição do rendimento que tem ocorrido nos últimos anos.

A pandemia provocada pelo covid-19 veio mais uma vez confirmar a gestão implementada pela indústria regional, que mesmo sabendo das dificuldades da produção, não teve qualquer solidariedade perante os agricultores, que durante o período que continuamos a atravessar, nunca pararam para que o abastecimento alimentar da população não fosse interrompido. A retoma dos mercados de leite e lacticínios que tem ocorrido não se tem aplicado na região, e a indústria tem sempre uma atitude proativa nas descidas e passiva nas subidas do preço do leite.

Não podemos continuar a apoiar a modernização de indústrias que não implementem estratégias de proteção da fileira e ao contrário, tudo fazem para desacreditar a excelência do nosso leite, não desenvolvendo produtos de maior valor acrescentado, capazes de ir de encontro às necessidades dos consumidores.

Atualmente, os Açores registam o preço de leite mais baixo da Europa, sendo esta uma situação lastimável para aquele que é um dos melhores leites do mundo. Inclusive, as descidas havidas na Europa em 2020 já foram recuperadas, com o aumento de 3 cêntimos, enquanto, no continente, a Lactogal não alterou o preço pago aos produtores durante 2020, ao contrário das descidas registadas na região.

Os Açores registam um diferencial de aproximadamente de 7,7 cêntimos por kilo para o preço médio da União Europeia e de cerca de 3,8 cêntimos para o continente, provocando um sentimento de grande injustiça junto dos produtores regionais, que não conseguem entender, nem compreender, a razão de tão elevadas disparidades perante os seus colegas. Mesmo tendo em consideração, o fator dos transportes, não existe explicação plausível e lógica, capaz de sustentar e suportar este enorme diferencial. 

Contribuiu também para a diminuição dos rendimentos dos produtores de leite, os rateios existentes no âmbito do Posei-Açores, que chegaram até percentagens de 20% no caso das ajudas aos produtores de leite e de 8,88% no que se refere às vacas leiteiras, e o atraso de alguns pagamentos do Governo Regional que ainda não foram regularizados.

Paralelamente, a evolução dos preços, no ano de 2020, das principais matérias-primas utilizadas no fabrico das rações para bovinos têm registado subidas significativas e que se tem estendido no corrente ano, bem como se tem verificado o agravamento dos preços dos fretes marítimos dos Navios Mercantes Graneleiros.

Face ao exposto, foi decidido solicitar uma reunião com as indústrias micaelenses, através do Centro Açoriano de Leite Lacticínios (CALL), e posteriormente com o Secretário Regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, de modo a poder ser encontrada uma estratégia para a fileira, que permita inverter a constante baixa de rendimentos dos produtores de leite.