As micotoxinas são substancias que os fungos e bolores produzem naturalmente como forma de defesa. Todos os materiais naturais e muitos dos sintéticos estão sujeito a contaminação por fungos e bolores. O desenvolvimento destes organismos é favorecido pela presença de calor e humidade. Ainda que todos os fungos e bolores produzem micotoxinas, existindo centenas diferentes, a produção de micotoxinas pelos organismos é variável e influenciada por vários factores. As seguintes condições levam a um aumento da produção de micotoxinas:

- Stress da planta hospedeiro, no campo: temperatura ou humidade demasiado baixas ou demasiado altas, ou danos causados por insectos

- Colheita: colheita tardia, plantas secas, enchimento dos silos demasiado prolongado, contaminação com terra.

- Conservação: grãos húmidos, mau isolamento da silagem, compactação insuficiente da silagem, fermentação incorrecta da silagem.

- Alimento fornecido aos animais: má higiene, exposição ao ar ou humidade, mau armazenamento (temperatura e humidade propiciam o desenvolvimento de bolores/micotoxinas)

O crescimento de fungos e bolores, assim como a produção de micotoxinas pode ser diminuído através de boas práticas de, especialmente, armazenamento e conservação. No entanto é impossível garantir que qualquer alimento natural está livre de micotoxinas!

Conforme referido, a quantidade de micotoxinas num alimento depende de vários factores, desenvolvendo-se nas plantas no campo (destinadas a pastagens ou forragens), nos grãos de cereais, nos concentrados energéticos (corn glúten feed, destilados de cereais, entre outros), nos concentrados da oleaginosas (bagaço de girassol, entre outros), alimento concentrado, forragens conservadas ou mesmo no alimento final na manjedoura. Na tabela (1) estão descritos os tipos de micotoxinas mais comuns nos diferentes tipos de alimento. 

O facto da alimentação da vaca leiteira ser complexa e de se utilizar nela vários tipos de alimentos, como forragem fresca, forragem conservada e concentrados, leva a que aconteça uma grande exposição dos animais a muitos tipos diferentes de micotoxinas.

As micotoxinas e o rúmen

Considerou-se que as micotoxinas não seriam um problema para os ruminantes, uma vez que pode haver degradação ruminal das micotoxinas. No entanto, apenas algumas micotoxinas podem ser degradas no rúmen, e muitas delas alteram significativamente o funcionamento do rúmen. Quando isso acontece, há um pior aproveitamento da energia e proteína da dieta.

As micotoxinas e a vaca leiteira        

Além dos efeitos negativos sobre o rúmen (considerado o "motor" da vaca leiteira), os efeitos na vaca leiteira são muitos e variáveis, no entanto é importante salientar os efeitos directos na função:

- Hepática, diminuindo o funcionamento do fígado e afectando todo o metabolismo o que irá causar diminuição da ingestão e produção leiteira.

- Reprodução, sendo algumas micotoxinas análogas a estrogénios, "baralhando" o sistema reprodutivo da vaca.

- Imunidade, diminuindo a capacidade de resposta do animal, levando a maior prevalência de doenças infecciosas ou a manifestações de doenças subclinicas, com possível aumento de mastites, células somáticas e problemas de patas.

Conclusões

- Todos os dias, uma vaca leiteira está exposta a vários tipos de micotoxinas. A sua quantidade é variável, e cabe ao produtor fazer o seu melhor na obtenção de silagens bem conservadas e silos de concentrado bem mantidos.

- Os efeitos das micotoxinas nas vacas leiteiras são muito negativos e afectam todo o organismo, sendo o resultado final sempre a diminuição da produção de leite. Este é um problema que afecta a rentabilidade da sua exploração!

- Torna-se essencial a utilização diária de um fixador de micotoxinas, o mais polivalente possível, para diminuir a absorção ruminal e intestinal das toxinas, levando a um menor risco de efeitos visíveis e á manutenção dos animais em bom estado sanitário.

Rui Cepeda

Médico Veterinário

Zoopan SA