Hipocalcémia | Informações Técnicas


A febre vitular ou hipocalcémia corresponde a uma grave deficiência de cálcio durante o parto (mais comum) ou no dia seguinte, sobretudo nas melhores produtoras e com menos frequência na 3ª e 4ª lactação. As consequências são importantes no plano económico e patológico. A hipocalcémia tem origem numa brutal e massiva exportação do cálcio logo que a vaca inicia a produção de leite, altura em que a absorção intestinal é ainda insuficiente e a mobilização do cálcio dos ossos demora a iniciar-se. CAUSAS DE HIPOCALCÉMIA 1. CAUSAS ALIMENTARES a) CARÊNCIAS EM MINERAIS, ESPECIALMENTE CÁLCIO, MAGNÉSIO E EM VITAMINA D: A grande maioria das vacas leiteiras, durante o período da secagem tem uma alimentação pobre em cálcio, especialmente quando esta é baseada unicamente em forragens (erva, silagem de erva, fenos e/ou silagem de milho). Se não houver uma suplementação mineral adequada, o cálcio ingerido pode não ser o suficiente para a manutenção e crescimento do vitelo, forçando a vaca a utilizar as suas próprias reservas (mobilização de cálcio dos ossos). Na altura do parto a vaca tem necessidade de grandes quantidades de cálcio para o esforço de expelir o vitelo e para a produção do colostro. Como não existem reservas adequadas, a vaca esgota o cálcio do músculo e cai (hipocalcémia clínica ou aguda), ou fica fortemente carenciada (hipocalcémia subclínica ou subaguda). Esta última situação pode dar origem à retenção da placenta, prolapso uterino, atraso na involução uterina, metrite, edema mamário, estase ruminal, deslocamento do abomaso, cetose, infertilidade, etc. b) EXCESSO DE CÁLCIO: O excesso de cálcio exagera a fixação do cálcio nos ossos em detrimento da sua circulação sanguínea, afectando o metabolismo habitual do cálcio (regulação da calcémia). Se este excesso se verificar durante a 2ª ou 3ª semana antes do parto, aumenta o risco de ocorrência da hipocalcémia pelo facto de a vaca não conseguir utilizar o cálcio dos ossos em tempo útil, mobilizando todo o cálcio do músculo para a produção do colostro. O excesso de cálcio ocorre quando na alimentação diária entram quantidades elevadas de leguminosas (especialmente luzerna, o trevo), beterrabas (folhas e polpas), couves e outras leguminosas e suplementos com excesso de cálcio. A solução passa pela eliminação destes alimentos e/ou suplementos com excesso de cálcio nas últimas semanas da gestação. c) EXCESSO DE CATIÕES: Pesquisas recentes referem que quando na alimentação se verifica um excesso de catiões, principalmente o potássio (K) e o sódio (Na) em relação aos aniões, o cloro (Cl) e enxofre (S), existe um desequilíbrio iónico que é o principal responsável pelas hipocalcémias. Este desequilíbrio entre catiões e aniões conduz a uma alcalose metabólica que dificulta a eficácia do metabolismo da vitamina D e consequentemente a uma deficiente utilização do cálcio. Como evitar o excesso de catiões: Será necessário estabelecer o equilíbrio iónico [(K+N) - (Cl+S)], expresso em miliequivalências (meq.) por kg de alimento, devendo a diferença dos catiões, em relação aos aniões, ficar entre 0 a menos 100 (-100)? Como conseguir um equilíbrio anião/catião adequado: - Limitar ou eliminar o uso de alimentos ricos em potássio: luzerna, erva jovem, folhas e melaço de beterraba, entre outras, durante todo o período da secagem ou, pelo menos nas 3 últimas semanas antes do parto. - Recorrer a correctores minerais apropriados à base de sulfatos e cloretos (de cálcio, de magnésio e de amónio). 2. CETOSE (ACETONÉMIA)? A Cetose clínica ou subclínica (que será abordada seguidamente), pode contribuir para os riscos de hipocalcémia, uma vez que provocam uma esteatose hepática (fígado gordo) que, diminuindo a capacidade metabólica deste, vai interferir acentuadamente na eficácia da vitamina D, e, em consequência, dificultar a utilização do cálcio. A Cetose desenvolve-se com mais frequência nas boas produtoras especialmente as que chegam ao parto demasiado gordas. Esta situação leva à mobilização excessiva das reservas corporais (gordura) que vão diminuir a capacidade metabólica do fígado. COMO PREVENIR A HIPOCALCÉMIA - Durante as últimas três semanas antes do parto: Manter o equilíbrio aniões/catiões evitando administrar alimentos à base de luzerna, erva muito jovem, folhas e melaço de beterraba. Administrar correctores minerais com forte pendência aniónica. - No dia do parto: Será muito importante, principalmente nas vacas com antecedentes de hipocalcémia, administrar, por via oral, um suplemento à base de Cloreto de cálcio, magnésio e cobalto, entre outros minerais, e fontes de energia glicoplástica que facilita a calcémia e minimiza também os riscos de Cetose subclínica, que é uma das causas que predispõem ao aparecimento da Hipocalcémia. O GLICAL é um produto em suspensão, xaroposo, composto pelos elementos actualmente mais usados na prevenção e tratamento das hipocalcémias e cetoses após o parto. É composto por: - Glicerol (130g) e Propilenoglicol (160g), ambos precursores da glucose, funcionando como fonte de energia instantânea, essencial pelo esforço do parto e a redução da ingestão no periparto - prevenção de cetose. - Sorbitol (50g), fonte de energia, também com acção desintoxicante e hepato-protectora, que vão aumentar a capacidade metabólica do fígado, reduzindo a formação de corpos cetónicos, e melhorando o metabolismo da vitamina D - prevenção de cetose. - Cloreto de cálcio (270 g), fonte de cálcio mais rapidamente assimilável. - Minerais (cobalto, cobre, manganês, magnésio e zinco) essenciais para um bom equilíbrio e auxiliares na prevenção da hipocalcémia GLICAL apresenta-se em garrafa de 500 ml, cujo conteúdo deve ser administrado oralmente na totalidade a cada vaca. Para resultados óptimos, GLICAL deve ser administrado algumas horas antes do parto, de preferencialmente, ou logo após o parto para garantir uma quantidade de cálcio, magnésio e energia suficiente para o parto, assim como para repor minerais e energia dispendidos e permitir à vaca leiteira recuperar rapidamente. Será necessário repetir a dose horas depois do parto. Cetose No início da lactação, as vacas leiteiras, especialmente as boas produtoras, necessitam de grande quantidade de energia (glicose) para a produção do leite. Como no início da lactação as vacas só recuperam lenta e moderadamente a sua capacidade de ingestão, o alimento ingerido não fornece toda a energia necessária à produção do leite durante as primeiras 2 a 3 semanas após o parto (ver gráfico). Com tal falta de energia, o organismo do animal tenta mobilizar as gorduras de reserva, provocando uma intoxicação hepática (fígado gordo ou esteatose) que leva à produção de grandes quantidades de corpos cetónicos no sangue causando ao animal grandes perturbações. Ocorre diminuição do consumo de alimento por perda do apetite e acentuada perda de peso, que pode levar à hiperlipémia (lipólise tecidular), e pode conduzir a graves transtornos na saúde das vacas, o que vai acentuar ainda mais a cetose. Podem também ocorrer Graves perturbações no metabolismo que dão origem a múltiplos problemas, tais como: Quebra acentuada na produção de leite, infertilidade, hipocalcémia, quebra na imunidade (que pode dar origem a maior número de mamites, células somáticas), entre outros transtornos. A cetose pode-se apresentar de duas maneiras: - Cetose clínica que conduz à quebra acentuada na produção do leite que nunca será recuperada, mesmo após a intervenção veterinária que, entretanto, evita maior agravamento (a morte do animal). Nas produtoras com elevado potencial (10 000 a 12 000 litros por lactação, ou mais) a diferença na produção pode variar entre 4 000 a 6 000 litros a menos durante os 305 dias da produção. - Cetose subclínica impede as boas produtoras de atingirem o pico da produção de acordo com o seu potencial genético, não indo além dos 40 a 45 litros no pico. Neste caso a produção de leite é igual ou inferior à produção do ano anterior, quando normalmente deveria ser superior (calcula-se que, pelo menos, 30% das vacas de alta produção têm cetose subclínica). PREVENÇÃO DA CETOSE: - Evitar que as vacas cheguem demasiado gordas ou demasiado magras ao parto (ponto 3, na classificação entre 1 a 5). - Limitar o emagrecimento através do fornecimento de concentrados em quantidade e qualidade suficiente. Logo no início da lactação, convém promover o aumento gradual de ração até cerca 460 g por dia, a fim de conseguir cobrir as necessidades de produção gradualmente aumentada e que já no final do 1º mês se situa perto ou superior aos 40 litros (nas boas produtoras). - Promover o equilíbrio alimentar entre proteínas (degradáveis, pouco degradáveis e protegidas), hidratos de carbono (celulose, amidos, açucares e gordura) para manter em equilíbrio a flora ruminal (estabilizar as fermentações). - Manter uma correlação perfeita entre as forragens e os concentrados fornecendo um mínimo de 35% da matéria total ingerida, se a forragem for à base de erva, silagem de erva e ou feno de boa qualidade, para um máximo de 65 a 70% de concentrados; ou mínimo de 45 a 50% da matéria seca derivada da silagem de milho para 50 a 55% de concentrados. - Prevenir a acidose (evitar excesso de ração ou concentrados fornecidos de uma só vez, falta de fibra longa, silagens mal conservadas ou demasiado ácidas). - Eliminar as carências em vitaminas e minerais Mesmo seguindo todas estas práticas, é impossível eliminar o risco de cetose subclínica, uma vez que o balanço energético negativo vai continuar presente. A única forma eficaz de evitar o aparecimento de cetoses é através da suplementação do animal em fontes de energia e outras substâncias. O produto CETOSIL TOTAL foi especialmente desenvolvido para prevenção das cetoses clínicas e subclínicas. CETOSIL TOTAL contêm: - Propilenoglicol (262,5 g), um precursor da neoglucogénese a nível hepático, o que permite um fornecimento de energia, reduzindo o BEN (Balanço Energético Negativo). - Niacina (7,3 g), activa a proteossíntese microbiana, a neoglucogénese e limita a lipólise tecidular. - Metionina (18,4g) sendo um a.a. (amino-ácido) sulfurado essencial, não é sintetizado pelo organismo, pelo que, tem de ser fornecido pelo alimento. Este a.a. tem funções lipotrópicas, que ajudam o fígado a processar a gordura. CETOSIL TOTAL apresenta como excipiente melaço, que também será utilizado pela vaca leiteira como fonte de energia. A sua forma líquida permite a administração oral, por garrafada, misturado com a água de bebida ou misturado com o alimento. CETOSIL TOTAL é perfeitamente adquado a utilização no unifeed. É recomendada uma dose de 330 ml de CETOSIL TOTAL por vaca/dia. É importante referir que a cetose clínica, mas também a subclínica diminuem significativamente a quantidade de leite produzida nessa lactação, de forma irrecuperável. A utilização de CETOSIL TOTAL, pelos litros de leite a mais que vai originar, paga a sua utilização e dá fornece um retorno de várias vezes do dinheiro dispendido!!! Rui Cepeda Médico Veterinário Zoopan