A cultura do milho | Informações Técnicas


A determinação das quantidades adequadas e da fórmula do fertilizante aplicar, deverão ser encontradas pela avaliação da fertilidade do solo, através dos resultados de análise do solo.

 

Na actualidade, o milho, em função de sua composição química e valor nutritivo, destaca-se como um dos mais importantes cereais cultivados e consumidos em todo mundo, seja na alimentação humana ou animal.

Nos Açores, esta cultura arvense também assume um lugar de destaque e é  aquela que mais explorações agrícolas envolve, estimando-se uma ocupação de 4.580,8 ha de área cultivada (valores referentes a 2004  publicados pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores).

A cultura do milho surge nos Açores directamente ligada às explorações leiteiras, as quais utilizam as parcelas de terra com melhor aptidão para o seu cultivo. Esta cultura encontra-se perfeitamente adaptada às condições climáticas dos Açores, desenvolvendo o seu ciclo ao longo da Primavera e Verão.

O conhecimento sobre as características desta cultura, permite ao agricultor adoptar as melhores soluções, actuando no momento ideal, sobretudo no que diz respeito: à escolha das melhores variedades; ao momento de aplicação dos fertilizantes; à altura de combate a infestantes; à época e operações de colheita e à data da execução das diversas operações culturais.

 

Exigências edafo-climáticas

O milho é uma planta que necessita de calor e humidade para produzir satisfatoriamente e proporcionar rendimentos compensadores. Esta cultura desenvolve-se bem em zonas que apresentam uma boa distribuição das chuvas ao longo do seu ciclo, temperaturas médias diárias superiores a 19 ºC e temperaturas do solo superiores a 10ºC, sobretudo aquando da germinação e emergência das plântulas. As maiores exigências em humidade ocorrem nas épocas de germinação, florescimento e durante o enchimento dos grãos. As deficiências em humidade, temperatura e/ou nutrientes, próximo e durante o desenvolvimento da bandeira do milho, poderão levar a grandes perdas de produção.

Esta cultura adapta-se a diversos tipos de solo, desde que tenham uma boa drenagem. Os solos arenosos favorecem a precocidade, mas os solos de textura franco-argilosa têm a vantagem de possuírem uma capacidade superior de armazenamento de água. O milho exige solos com uma boa estrutura, nomeadamente no período de crescimento do sistema radicular, um enraizamento limitado em profundidade e densidade irá repercutir no crescimento das plantas, pela dificuldade de acesso à água e aos nutrientes contidos no solo. É uma cultura exigente em fertilidade do solo. O pH óptimo situa-se entre 6,0 e 7,0, mas cultura tolera pH entre 5,5 e 7,5. O milho é moderadamente tolerante à salinidade.

 

Preparação do solo e sementeira

Nos Açores, a preparação do solo e a sementeira do milho iniciam-se a partir da segunda quinzena de Abril e vão até ao final de Maio, quase sempre em solos instalados com pastagem.

A preparação do solo deverá ter por objectivo básico melhorar as condições de germinação, emergência e de estabelecimento das plântulas, assegurando uma boa infiltração das águas, de modo a reduzir as perdas por escorrimento e erosão, sobretudo dos solos mais frágeis. Pode dizer-se que a preparação do solo passa por duas etapas, em que a primeira consiste numa operação grosseira, realizada com charruas, fresas, escarificadores e/ou subsoladores, enquando que na segunda etapa faz-se uma operação de nivelamento do solo com a utilização de grades ou rolos.

Aquando da prepação do solo existe um conjunto de boas práticas que o agricultor deverá ter em atenção, tais como:

- Nos solos declivosos, mobilizar e semear paralelamente às curvas de nível, de forma a minimizar a erosão;

- Realizar mobilizações profundas sem reviramente da leiva, quando necessário, tendo em vista o melhoramento de zonas mais compactadas no perfil da cultura;

- Evitar o máximo possível a passagem de máquinas, sobretudo em solos pesados;

- Reduzir o período entre a preparação final do solo e a sementeira, de forma a evitar perdas de humidade, na cama da semente;

- Evitar os trabalhos no solo quando o teor de humidade é propício a fenómenos de compactação;

- Evitar o esmiuçamento excessivo da camada superficial, em solos com uma estrutura instável. O risco de formação de crosta superficial existe e as emergências podem tornar-se deficientes.

Para além das condições edafo-climáticas, das práticas de preparação do solo, o rendimento da cultura também passa pelo potencial genético da variedade semeada. A variedade não deve ser definida pelo gosto pessoal ou preço, deverá ter-se em conta as características e o sistema de produção. Na escolha, o produtor deve informar-se junto dos representantes comerciais sobre as características das diferentes variedades, ter em atenção as experiências regionais e/ou o comportamento em colheitas passadas.

Em termos genéricos, a densidade de sementeira óptima é determinada pelo ciclo da variedade. Verifica-se que variedades de ciclo mais curto toleram uma maior densidade em relação às variedades de ciclo mais longo. A razão desta diferença resulta do facto das de ciclo menor, geralmente, apresentarem plantas de menor altura e massa vegetativa. Estas características levam a um menor sombreamento, possibilitando com isto um menor espaçamento entre plantas.

A profundidade de sementeira é um outro parâmetro que se deve ter em conta aquando da sementeira. Os factores que condicionam a profundidade são a temperatura, humidade e o tipo de solo. Quando estamos na presença de solos pesados ou quando a temperatura do solo é baixa, deverá realizar-se a sementeira mais à superficie, cerca dos 3 a 5 cm. Em solos mais leves, arenosos, a profundidade pode ser maior, entre os 5 a 8 cm, aproveitando as condições mais favoráveis de humidade do solo.

 

Necessidades nutritivas e fertilização

Na fase inicial de crescimento das plantas de milho, as necessidades em nutrientes são pequenas, no entanto a existência de altas concentrações de nutrientes nesta fase é benéfica por estimular o desenvolvimento inicial da planta, para além de influenciar no tamanho final das folhas, da espiga e das outras partes da planta.

A colocação de fertilizantes na linha da cultura, a cerca de 5 cm para cada lado da planta e ligeiramente abaixo da semente é vantajoso, pois assim as raízes podem interceptar a zona do fertilizante.

Nas fases mais adiantadas da cultura, as plantas requerem uma maior quantidade de nutrientes, os quais deverão encontrar humidade no solo para que se dê a sua absorção pelas raízes. Aliás, a incorporação no solo de quantidades adequadas de fertilizantes para suprir as deficiências em nutrientes é o método mais eficaz para satisfazer as necessidades das plantas em fases mais avançadas do crescimento.

A absorção de potássio é completada após o aparecimento das barbas do milho, continuando a absorção do azoto e do fósforo. Em regra, alguma parte do potássio é translocado de outras partes da planta para o grão, durante estas fases mais adiantadas do crescimento. A translocação de azoto e de fósforo para desenvolvimento do grão, pode causar sérios deficiências nas folhas, levando, até mesmo, à morte prematura das mesmas.

A determinação das quantidades adequadas e da fórmula do fertilizante aplicar, deverão ser encontradas pela avaliação da fertilidade do solo, através dos resultados de análise do solo. Para as recomendações consulte o engenheiro agrónomo.

Controlo de infestantes

Na cultura do milho é conveniente combater as infestantes o mais cedo possível, de forma a que não seja comprometido os níveis de produtividade. A eliminação das infestantes deverá ser eficaz, evitando que estas venham a ser uma fonte de multiplicação de doenças e/ou pragas e, em alguns casos, que não venham a desenvolver-se no final do ciclo produtivo, dificultando a operação de colheita e alterando a qualidade da silagem.

A execução correcta de práticas agrícolas (rotações de culturas e a preparação do solo) facilitam, normalmente, o controlo das infestantes.

O planeamento de controlo das infestantes implica um grau elevado de conhecimentos técnicos: adaptação do herbicida e as doses em função das infestantes presentes, a fase de desenvolvimento da cultura e as condições climáticas.

 

 

Eng.º Nuno Dias