Rações Santana - Nova ração para vacas secas | Informações Técnicas


No período seco a vaca depara-se com necessidades específicas ao nível nutricional que, caso não sejam devidamente supridas, podem ter um reflexo negativo na lactação seguinte. O maneio durante todo o período seco será determinante na performance da lactação subsequente. Como a produção por vaca é cada vez maior os cuidados a ter neste período tornam-se mais exigente, não só do ponto de vista do maneio mas também no tipo de estratégias alimentares a seguir.

Será correto considerarmos que a lactação da vaca "começa" no dia da secagem?

Sem dúvida que sim.

Embora o período seco seja ainda negligenciado por parte de alguns produtores, é efetivamente nesta fase que devemos acautelar não só as necessidades nutricionais específicas neste período, mas também todo o maneio da vaca.

Se durante o período seco a vaca for alimentada de forma conveniente muitos dos problemas característicos do pós-parto - como hipocalcemias, retenções placentárias, metrites, cetoses, torções de abomaso, mamites, contagem de células somáticas (CCS) elevadas, infertilidade, níveis baixos de produção entre outros - podem ser minimizados e/ou eliminado.

São várias as estratégias a adotar nesta fase, mas a duração do período seco, a separação das vacas em grupos com a respetiva alteração alimentar e o tipo de concentrado são pontos essências a considerar.

 

Duração

O período seco não deverá ser inferior a 45 dias nas multíparas e a 60 dias nas primíparas. (tempo mínimo necessário para a regeneração da glândula mamária). Caso a duração seja inferior ao indicado, a produção tende a ser menor na lactação seguinte, para além de outros problemas que daqui podem decorrer.

 

Separação das vacas em grupos

 

Primeiro grupo

Vacas secas desde a primeira semana até à quinta/sexta semana.

A alimentação de base fornecida deverá ser essencialmente forragem (e.g.: feno, rolo, pastagem e silagem de milho) com: fibra de qualidade e em quantidade necessária, por forma a proporcionar um "descanso" ruminal adequado. Por outro lado, terá de veicular energia suficiente de maneira a manter a condição corporal (CC) da vaca desde a secagem ao parto (a CC deverá situar-se, numa escala de 1 a 5, entre os 3 e 3.5) e um teor proteico ajustado, não só às necessidades de manutenção da vaca e crescimento do feto, mas também assegurar a reposição das reservas proteicas. Isto será determinante, para além de outros benefícios, no nível produtivo da lactação seguinte (havendo uma relação direta entre o nível proteico no período seco e a produção).

Segundo grupo

Vacas que irão parir dentro de duas a três semanas.

A alimentação deste grupo deverá ter em linha de conta o grande aumento do crescimento fetal, que é superior no último terço da gestação, a maior pressão interna nos órgãos digestivos e a variação hormonal (maior concentração sanguínea em estrogénios e corticoides associados a uma diminuição da progesterona circulante), pois levam à diminuição da capacidade de ingestão de matéria seca (IMS) nesta fase.

Dada esta menor capacidade de IMS, cerca de 30%, haverá uma maior predisposição para que as vacas após o parto, e também nos dias que o antecedem, entrem em balanço energético negativo (BEN), aumentando, consequentemente, o catabolismo das gorduras levando ao aumento (duas a três vezes mais na circulação) dos ácidos gordos não esterificados (NEFA, non-esterified fatty acids), sendo posteriormente acumulados no fígado, podendo causar no futuro, entre outros, problemas metabólicos e diminuição da produção leiteira.

Assim, para fazer face a estas exigências e no sentido de minimizar os impactos negativos que daqui poderão decorrer, a dieta deverá ser mais concentrada neste período (mais ração) e a forragem deverá ser reduzida. Desta forma, é também favorecido o aumento das papilas ruminais (projeções em forma de dedo na parede ruminal; de 0.5 cm a 1.2 cm aproximadamente; as papilas ruminais são responsáveis pela absorção dos ácidos gordos voláteis - energia -; 50% da área de absorção do rúmen pode ser perdida nas 7 primeiras semanas do período seco). Esta transição alimentar permitirá que a vaca minimize o inevitável BEN e, por consequência, diminuir os problemas característicos do pós-parto e, por outro lado, poder-se-á refletir positivamente na produção e reprodução da lactação seguinte.

 

Concentrado

O concentrado da vaca seca assume um papel fundamental no melhor desempenho das vacas durante o seu período produtivo. Para lá do contributo complementar à dieta em energia e proteína, a sua composição em vitaminas e minerais, assim como em outros aditivos, é muito relevante, com particular destaque na prevenção de hipocalcemias, no papel positivo que pode ter na imunidade, que tende a cair muito antes e depois do parto (estando a vaca nesta fase muito vulnerável a infeções) e consequentemente, no melhor desempenho após o parto.

As vitaminas e os minerais têm um papel muito relevante na diminuição dos problemas pós-parto. Nomeadamente, a vitamina A, a vitamina E (as necessidades em vitamina E nesta fase são mais do dobro comparativamente à fase de lactação), o selênio, o zinco e o cobre (preferencialmente protegidos).

Vários estudos evidenciam que com uma suplementação correta (vitamínica e mineral), durante todo o período seco, haverá uma redução significativa na incidência de retenções placentárias, metrites, torções de abomaso, mamites e no em teor em CCS durante toda a lactação assim como uma tendência da melhoria nos índices reprodutivos (entre outros benefícios).

O fígado nesta fase é um órgão chave que devido às alterações alimentares e fisiológicas, tende a ser muito afetado. O concentrado pode ter uma função hepatoprotetora se na sua composição for incorporada substâncias para o efeito. Destaca-se o papel do ácido nicotínico (niacina, que faz parte do sistema de coenzimas que atua no metabolismo dos hidratos de carbono, lipídeos, proteína, formação de ATP e regulação enzimática), uma vez que permite diminuir a formação dos NEFA e assim diminuir a incidência de cetoses mantendo o nível de glicose no sangue e a diminuição da IMS não será tão afetada. Outros aditivos, como o propilenoglicol, poderão ser adicionados.

No sentido de fazer face a estas exigências da vaca no período seco e tendo em linha de conta as especificidades do maneio da vaca seca em São Miguel, a Rações Santana criou uma ração específica para vacas secas. Na conceção deste concentrado esteve subjacente a preocupação na melhoria da imunidade e saúde da vaca antes e depois do parto.

A composição desta ração para vacas secas além de contribuir para o balanceamento equilibrado entre energia e proteína, ajustado ao período seco, fornece também as quantidades necessárias em vitaminas, minerais e aditivos (específicos) por forma a minimizar os problemas do pós-parto e melhorar o desempenho produtivo da vaca.

O concentrado terá uma apresentação em tacos para facilitar o fornecimento aos animais em todos os sistemas de alimentação.

A Rações Santana dispõe de técnicos de nutrição altamente especializados disponíveis para o aconselhamento e acompanhamento personalizado a cada exploração.

 

ENG.º Filipe Martins

Cooperativa União Agrícola / Nutrinova