Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
Pelo segundo ano consecutivo a Associação Agrícola de S. Miguel promoveu o 2º curso de Emparelhamento Animal. Uma vez mais se deu um importante passo com vista ao melhoramento genético das explorações da ilha, já que o referido curso permitiu dotar os lavradores micaelenses de conhecimentos básicos de classificação morfológica da vaca leiteira.
Jorge Rita, presidente da AASM mostrou-se muito satisfeito com o sucesso desde segundo curso. "Tivemos uma vez mais uma excelente participação com cerca de 43 alunos inscritos", referiu o presidente. Esta é uma iniciativa que se enquadra no plano geral de formação delineada por esta Direcção e que, segundo o seu presidente, está a ser cumprido integralmente. "A área da formação vai continuar a constituir uma das nossas grandes apostas e este é um exemplo do muito que podemos fazer nessa área", acrescenta.
Bruno Almeida, engenheiro Zootécnico da AASM e Simões Dias, engenheiro Agrónomo da União de Cooperativas entre Douro e Mondego foram os formadores responsáveis do curso. A eles coube a tarefa de ensinar aos inscritos as noções básicas sobre Emparelhamento Animal. "O curso estendeu-se a todos os interessados, desde funcionários, sócios e familiares", refere Bruno Almeida.
Com 43 empresários agrícolas inscritos, o curso dividiu-se em duas partes: uma teórica realizada no Parque de Leilões daquela Associação e a outra prática realizada nas explorações dos lavradores. "Desta forma criamos mais entusiasmo entre os participantes", acrescenta o engenheiro.
As aulas teóricas foram compostas de 4 módulos sendo o primeiro dedicado à explicação morfológica da vaca leiteira. No segundo módulo procedeu-se à classificação Morfológica da mesma. "Os produtores aprenderam como identificar com mais rigor os defeitos e qualidades dos seus animais mediante inúmeros parâmetros de classificação", explica Bruno Almeida. O terceiro módulo foi dedicado ao estudo do Catálogo de touros onde aprenderam como identificar o sémen adequado às suas explorações e finalmente o quarto módulo debruçou-se sobre a prática de Classificação morfológica da vaca.
Nas aulas práticas o engenheiro Simões Dias ensinou aos formandos como se pratica o emparelhamento nas explorações já que este pode ser feito individualmente (quando é o próprio criador a identificar os defeitos do animal e procura no catálogo o sémen melhor adequado à sua exploração); ou informaticamente (os dados são introduzidos num programa de software que emite posteriormente os resultados de acordo com uma tabela de classificação).
Segundo o engenheiro zootécnico a adesão às aulas foi sempre muito positiva, o que vem demonstrar o interesse dos agricultores pela área da formação. "Este curso superou as nossas expectativas pois foi notório o entusiasmo e dedicação dos formandos", salienta Bruno Almeida.
A prática do Emparelhamento Animal é a conjugação das características morfológicas da fêmea com o macho de forma a obter descendentes melhores que os pais. Por outras palavras é escolher o touro mais adequado à vaca, de forma a corrigir os defeitos dessa, permitindo que as suas filhas sejam melhores. Assim consegue-se desenhar o tipo de vaca para cada exploração. O emparelhamento nos últimos anos tem assumido um papel fundamental no melhoramento genético das explorações bovinas em todo o mundo.
Com o Emparelhamento Animal, o produtor, consoante os objectivos que tem para as suas vacas, consegue obter um progresso genético muito mais rápido. "A genética é das coisas mais importantes numa exploração pois podemos dar muito boa comida à vaca mas se ela não tiver genética não produzirá aquilo que se espera", defende Simões Dias.
No caso de o produtor conhecer a ascendência das suas vacas, o emparelhamento elimina a consanguinidade até 6,25%, pois identifica os ancestrais em comum até à quarta geração. Dessa forma, há uma poupança nos custos com a genética, uma vez que a selecção dos touros é muito rigorosa e precisa.
Com o programa WMS (World Mating Service), a escolha dos touros para uma exploração é totalmente independente do preço de cada dose de sémen, da origem do touro, ou seja, não interessa se o touro é canadiano, americano, italiano ou francês e da empresa de sémen que o representa.
Para a realização de um Emparelhamento é necessário efectuar a classificação morfológica das vacas. Esta classificação é recolhida por um técnico que atribui uma pontuação de 1 a 9 em dezasseis regiões da vaca onde é classificada a estatura do animal a largura e ângulo da garupa, a angularidade e profundidade corporal. Segue-se a classificação da largura do peito, o ângulo do pé, a curvatura dos membros posteriores e as pernas vistas de trás. O úbere é classificado segundo a sua altura e largura, depois o ligamento e profundidade bem como os tetos anteriores e seu comprimento.
Depois de recolhida toda esta informação, os dados são introduzidos no programa WMS, que recomenda, posteriormente, para cada animal os três melhores touros a inseminar.
Em relação à selecção dos touros, esta pode ser feita pelo produtor, que escolhe os touros com que quer trabalhar na sua exploração; através de um técnico devidamente credenciado que elabora o emparelhamento ou utilizando o programa WMS que identifica os principais problemas da exploração, seleccionando um grupo de touros que corrigem estes mesmos problemas. O programa WMS reconhece todos os touros que estão no activo no momento do emparelhamento.