Como obter uma silagem de boa qualidade - um ponto fundamental na produção leiteira | Informações Técnicas


Um produtor experiente e cauteloso sabe que a qualidade da silagem pode ser o ponto de partida para o sucesso ou ruína da sua exploração! Por isso mesmo, é essencial rever, nesta altura do ano, alguns conceitos essenciais para obter uma excelente silagem e maximizar o sucesso e lucro da produção de leite. 

A ensilagem é um dos processos de conservação de alimentos para animais mais eficientes e mais utilizados em todo o mundo. Tal deve-se ao baixo nível de perdas de valor nutritivo relativamente à planta fresca, menor dependência dos factores climatéricos, alta palatibilidade e adequação à alimentação de ruminantes. 

O processo consiste em promover a fermentação de açúcares presentes, por parte de bactérias anaeróbias produtoras de ácido láctico (homofermentativas), baixando o pH para níveis que inibam o desenvolvimento de microorganismos prejudiciais, conservando o alimento durante meses.

Ainda que os processos que levam a uma silagem de boa ou má qualidade se devem à acção de microorganismos, os bons resultados não acontecem por acaso. Relativamente a um dos produtos de fermentação mais comuns e apreciados - o vinho, a bíblia diz que é "fruto da videira e do trabalho do Homem". Também uma boa silagem de milho é fruto da forragem, das bactérias e do trabalho do Homem! 

Conforme já referido, a capacidade de conservação da silagem é originada pelo seu baixo pH, devido á presença de ácidos orgânicos, em especial ácido láctico, produzido por bactérias anaeróbias como Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium, Pediococcus acidilactici e outros tipos de Lactobacillus. Para conseguirmos uma produção de ácido láctico suficiente e rápida necessitamos de açúcar disponível para as bactérias converterem em ácido e a ausência de oxigénio, para criar as condições óptimas para os microorganismos favoráveis e assim evitar o desenvolvimento de outras bactérias e fungos prejudiciais. Para o conseguirmos necessitamos dos seguintes cuidados no momento de ensilar:

- Começando pela planta, é essencial fazer o corte na altura adquada. Para o milho, recomenda-se um teor de matéria seca (MS) entre 28 e 35%, que corresponde a altura em que o grão está no estado pastoso a vítreo, sendo ainda possível corta-lo com a unha. Um teor de MS demasiado elevado vai dificultar a compactação do silo, levando à existência de ar no interior e a fermentações indesejáveis. Já um teor de MS demasiado baixo vai dificultar a produção de ácido láctico por falta de açúcares disponíveis, assim como originar grandes perdas, uma vez que os nutrientes serão arrastados pela água que escorrerá do silo.

- A planta deve ser cortada em bocados entre 0,5 e 2 cm e disposta no silo em camadas com menos de um metro de espessura, devendo ser calcada camada a camada, para promover uma completa saída do ar. As paredes do silo devem ser suficientemente resistentes para também se poder fazer a compressão junto a elas.

- Por fim, o silo deve ser coberto de forma a impedir completamente a entrada de água ou ar (oxigénio) no seu interior. 

A presença de oxigénio permite o desenvolvimento de bactérias que ao fermentar os açucares liberta dióxido de carbono, levando á perda de matéria seca (nutrientes) na silagem. Já uma descida demasiado lenta ou incompleta do pH permite o desenvolvimento de microorganismos, nomeadamente clostrídios, que levam a uma diminuição da quantidade de proteína na silagem, podendo também causar quebras produtivas e doenças nos animais.

 

Conservantes de silagens:

Ao longo do tempo foram desenvolvidos vários tipos de produtos para melhorar o processo de ensilagem, com diversos graus de eficiência.

Ácidos inorgânicos:

A adição deste tipo de ácidos, também conhecidos por ácidos minerais, para diminuição do pH não é recomendada, quer pela sua corrosividade, quer pela toxicidade para humanos e animais.

 

Ácidos orgânicos

A utilização de conservantes à base de ácidos orgânicos (ácido fórmico ou formiatos, isolados ou associados ao ácido própionico ou propionatos) sempre foi considerada, ao longo dos anos, como uma opção de eleição pelos resultados conseguidos na conservação, na diminuição da perda de nutrientes, na digestibilidade, na melhoria da apetência da silagem e na estabilidade aeróbia.

Os ácidos orgânicos, ao promoverem um ambiente ácido precoce, criam as condições de pH adequadas que aceleram o desenvolvimento das bactérias produtoras de ácido láctico.

Sempre que haja substratos (açucares), as bactérias produtoras de ácido láctico, sempre presentes na planta ensilada (Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium, Pediococcus acidilactici e outros tipos de Lactobacillus), perante um meio ácido precocemente conseguido através da adição dos ácidos orgânicos, aceleram a sua velocidade de fermentação que, ao baixar o pH ao nível adequado e aumentar a temperatura do silo (25 a 45º), criam na silagem as condições que inibem o desenvolvimento de microrganismos prejudiciais (Clostrídium e bolores, entre outros) conservando eficazmente o alimento durante meses.

Foram efectuados, recentemente (de 1997 a 2009, diversos ensaios comparativos sobre a capacidade dos diversos conservantes actualmente utilizados. Por exemplo, ensaios efectuados publicados por AGRARFORSCHUNG (Julho de 1997), em que se fez a comparação da eficácia de cinco aditivos conservantes de silagem - ver: (Silage additives to improve the aerobic stability [of maize silage] - Wyss, U. (Eidg. Forschungsanstalt fuer Nutztiere (RAP), Posieux (Switzerland) - referem que, de entre os cinco aditivos utilizados nos ensaios, apenas dois (sendo um deles á base de acido fórmico) melhoraram a estabilidade aeróbia das silagens de milho após stress provocado por insuflação de ar (situação idêntica à verificada após a abertura do silo). No mesmo ensaio, nas duas silagens controle (sem aditivos) o stress de ar influenciou negativamente a estabilidade aeróbia.

 

Inoculantes

Este tipo de produtos à base das bactérias das espécies Enterococcus faecium, Pediococcus acidilactici, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus salivarius, quando associadas a enzimas apropriadas, tem conseguido bons resultados originando uma descida do pH consideravelmente mais rápida e um pH final ligeiramente mais baixo, inibindo o crescimento de bactérias e leveduras prejudiciais e diminuindo a perda de matéria seca de 15% para 12%. Está provado que a presença de enzimas nos inoculantes possibilita a mais rápida libertação dos açúcares que são necessários para acelerar o desenvolvimento das bactérias produtoras de ácido láctico. Os microrganismos presentes na planta e no produto inoculante e os seus produtos de fermentação, não só contribuem para uma excelente palatibilidade como também apresentam uma acção benéfica na ruminação, levando a um aumento da ingestão e melhor digestibilidade.

 

Cojunto de Bactérias

+ Enzimas**

Após algum tempo de utilização deste microorganismos conclui-se que apesar de eles estarem presentes em quantidade adquada, a sua acção era limitada pela quantidade de açúcares livres. A adição de enzimas como a celulase, hemicelulase, amilase e pentosanase revelou-se o complemento perfeito para as bactérias vivas, aumentando a sua eficiência.

A utilização de inoculantes que associam as bactérias referidas com enzimas revelou-se como uma medida fundamental para uma melhor ensilagem quando o milho apresenta teores demasiado baixos ou demasiado elevados de matéria seca, conseguindo uma correcção significativa. 

O custo deste tipo de inoculantes revelou-se excelente e têm um peso marginal relativamente aos outros custos da produção de uma silagem, sendo demonstrado em vários estudos que o custo de um produto inoculante de boa qualidade multiplica várias vezes o retorno do investimento.

Voltando ao ponto de partida, a qualidade da silagem tem um grande impacto nos resultados produtivos da exploração durante vários meses, devendo-lhe ser dada a atenção devida, aplicado o melhor tempo de corte, correcto procedimento de ensilagem, assim como escolher e aplicar devidamente um inoculante com as características óptimas, ou seja, o que apresente na sua composição as bactérias e enzimas.

Se, como diz a sabedoria popular, mais vale prevenir que remediar, no caso da silagem de má qualidade, nem sequer é possível remediar!

 

* SILENERGI - ácidos orgânicos

** SIL-BIO: - Cojunto de Bactérias + Enzimas *

 

Rui Cepeda

Médico Veterinário

 

 

SILENERGI

Aditivos apropriados para conservação de silagens e outros alimentos

Composição/kg: Formiato de cálcio, Propionato de cálcio (mínimo 95%), Açucares (mínimo 3%)

O SILENERGI, sendo constituído por dois ácidos orgânicos com acção sinérgica, reúne as características fundamentais que permitem actuar com eficácia como conservante de silagem de milho, erva, ou outras forragens verdes.

- SILENERGI promove a acidificação rápida das silagens criando as condições óptimas para uma melhor e mais rápida multiplicação das bactérias homofermentativas produtoras de ácido láctico (Lactobacillus plantarum, Enterococcus faecium, Pediococcus acidilactici e outros tipos de Lactobacillus), essencial à conservação e qualidade da silagem.

- SILENERGI previne o desenvolvimento de leveduras indesejáveis e bolores que conduzem à formação de micotoxinas.

- SILENERGI utilizado durante a preparação da ensilagem melhorar de modo duradouro a estabilidade anaeróbia da silagem.

- SILENERGIpode evitar fermentações indesejáveis posteriores e perdas superficiais após a abertura do silo.

- SILENERGI aumenta a digestibilidade, apetência e a ingestão da silagem

Regras Básicas para a obtenção de uma boa Silagem:

Corte a forragem no estado vegetativo ideal.

Carregue o silo no menor espaço de tempo possível e, nunca interrompa por mais de 24 horas.

Não deixe chover sobre o silo aberto, pois o excesso de água prejudica a fermentação láctica.

A eficaz vedação do silo é muito importante sendo conveniente evitar as entradas de ar, pois as bactérias anaeróbias, que provocam uma fermentação láctica óptima, só se desenvolvem onde não exista oxigénio (ar).

Doses para Utilização:

Silagem de erva: 1000g a 1200g por tonelada de matéria seca  ( 4,5 a 5 ton de silagem de erva fresca).

Silagem de milho: 850g a 1200g por tonelada de matéria seca  (3 a 3,5 ton. de silagem de milho fresca).

Outros alimentos: 0,5kg a 5kg por tonelada de alimento com uma média de 12% de humidade.

OBS: estas doses foram calculadas com base numa silagem de erva com 20% de matéria seca e, com base numa silagem de milho com 30% de matéria seca.

Modo de Emprego:

Calcular a tonelagem de cada camada de silagem, espalhando homogeneamente em cima de cada camada as quantidades atrás indicadas.

Apresentação: embalagens de 25kg.