Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
A gestão do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Frísia (L.G.P.R.F.) é da responsabilidade da Associação Portuguesa de Criadores de Raça Frísia (A.P.C.R.F.).
Quando um criador opta por utilizar a inseminação em vez do touro de cobrição, fá-lo com a intenção de melhorar a descendência da sua manada de vacas. Embora muitas vezes desconheça todo o processo de testagem de reprodutores, ele sabe que terá mais garantias utilizando a inseminação do que fazendo uso do touro.
A testagem de reprodutores é um processo demorado, em que se tenta comparar as filhas de determinados touros com a geração das mães, e com outras vacas da mesma geração, de forma a podermos concluir se essas mesmas filhas serão melhores ou piores, do que as vacas com que as estamos a comparar.
Podem ser vários os parâmetros pelas quais as podemos comparar. Poderá ser em termos de produção e qualidade da composição do leite, como nas características físicas do próprio animal, qualidade dos ligamentos do úbere, pernas e pés, etc.
No fundo com a testagem de reprodutores, pretende-se efectuar o melhoramento animal das gerações de vacas que no futuro irão substituir a manada.
É com ajuda da avaliação genética que se consegue atingir os objectivos propostos no processo de testagem de reprodutores. As bases de dados utilizadas para se fazer a avaliação genética são os Livros Genealógicos.
- Funcionamento Actual do Livro Genealógico
Um Livro Genealógico funciona para as vacas, como o registo civil para os seres humanos. Ao registar-se um animal num determinado Livro Genealógico sabemos pelo menos quem são os pais e os avós desse animal, sendo no entanto possível para alguns animais identificar os antepassados até à décima primeira geração.
Além do registo dos ascendentes no Livro Genealógico, é também registado o cadastro produtivo e tipo de cada animal. O cadastro produtivo é fornecido pelo Contraste Leiteiro e o cadastro tipo é fornecido pela classificação morfológica dos animais.
A forma actual de funcionamento do L.G. português entrou em vigor em 1992 com a aprovação da Portaria 1083/91 de 24 de Outubro.
Nesta portaria o Livro Genealógico comporta três classes, de acordo com o valor dos animais. A Classe 1 constituída por todos os animais que satisfaçam as condições para serem registados, a Classe 2 designada classe de Mérito, para animais com performances acima da média e a Classe 3,designada por classe Elite onde se incluem os melhores animais.
No Registo Auxiliar encontram-se os animais sem genealogia conhecida, mas com performances suficientes para terem alguma ligação ao L.G.. Os animais de estábulos que iniciam a sua ligação ao Livro entram pelo Registo Auxiliar.
De acordo com o regulamento, podem aderir ao Livro Genealógico Português da Raça Frísia, todos os criadores de bovinos de raça Holstein-Frísia, com explorações em território nacional sendo a adesão independente do criador ser ou não aderente ao contraste leiteiro ou associado da A.P.C.R.F..
As explorações associadas da A.P.C.R.F. são automaticamente aderentes. Nas explorações associadas e com as quotas actualizadas, os animais desde que tenham condições são todos registados.
Só podem ser inscritos os animais que satisfaçam as seguintes condições:
- Sejam descendentes de pais e avós inscritos no L.G.
- Sejam identificados à nascença de acordo com o regulamento do L.G.,
- Sejam filhos de touros inscritos na classe 2 ou 3 do L.G.,
- Sejam descendentes de mãe e avó inscrita no R.A. e de touro do L.G.,
- Sejam portadores de Certificado Genealógico, reconhecido pela A.P.C.R.F..
Podem ser inscritos no Registo Auxiliar (R.A.) as fêmeas nas seguintes condições:
Vitelas - Quando identificadas de acordo com o regulamento do L.G. e sejam filhas de vacas inscritas no R.A. e de um Touro inscrito na classe 2 ou 3 do L.G..
Vacas - Exibam morfologia de acordo com o padrão da raça.
- Tenham pontuação mínima de 70 pontos na classificação morfológica.
- Tenham produzido, em 305 dias,5000 Kg de leite e 175Kg de gordura na 1ºlactação,ou 6000 Kg de leite e 210Kg de gordura noutra lactação.
Para a inscrição de novos animais no L.G., ou no R.A., a exploração deve remeter mensalmente, a declaração de nascimento dos animais a inscrever no L.G. ou no R.A..
- Funcionamento Futuro do Livro Genealógico
A evolução dos nossos efectivos, bem como a dificuldade da actual legislação em responder a algumas situações que vão surgindo, levaram a que o funcionamento do Livro Genealógico tivesse que ser repensado.
A associação nacional de criadores e os seus parceiros na ANABLE, fizeram uma proposta de alteração do regulamento ainda em vigor, sugerindo uma mudança na filosofia do registo e da progressão dos animais no Livro Genealógico.
Nesta proposta de alteração no funcionamento do Livro Genealógico, são consideradas três classes de acordo com o grau de pureza da raça.
Classe A - Animais 100% Holstein Frísia.
Classe B - Animais com um mínimo de 93,75% de sangue Holstein Frísia
Classe C - Animais com um mínimo de 87,5% de sangue Holstein Frísia
Os animais inscritos na Classe A do LG podem ser caracterizados de acordo com o seu valor, em animais de MÉRITO e em animais de ELITE.
Animais de MÉRITO
1. Machos
1.1. - Touros aprovados para o programa nacional de testagem;
1.2.- Touros nacionais que obedeçam às seguintes condições:
a) Tenham mais de quinze meses de idade;
b) Tenham obtido na avaliação morfológica a pontuação mínima de 80 Pontos;
c) Sejam descendentes de vacas de MÉRITO ou de ÉLITE;
d) Sejam descendentes de touros de ÉLITE.
1.3. Touros estrangeiros dadores de sémen, oriundos de países com Livros Genealógicos reconhecidos pela APCRF.
2. Fêmeas - Vacas que obedeçam às seguintes condições:
a) Tenham obtido as produções mínimas de 8.000 kg de leite, 296 kg de MG e 256 kg de MP aos 305 dias da 1.ª lactação, ou 10.000 kg de leite, 370 kg de MG e 320 kg de MP em 305 dias de qualquer outra lactação;
b) Tenham obtido na avaliação morfológica a pontuação mínima de 85 Pontos.
Animais de ELITE
1. Machos - Touros oficialmente avaliados geneticamente em Portugal e que integrem o grupo dos 10% melhores no Índice Nacional Composto.
2. Fêmeas - Vacas pertencentes à Classe de MÉRITO que integrem o grupo das 10% melhores no Índice Nacional Composto.
No Registo Auxiliar são consideradas quatro classes de acordo com as características genotípicas e fenotípicas das fêmeas que as integram:
Classe D - Animais com características fenotípicas da raça e com um mínimo de 75% de sangue Holstein Frísia.
Classe E - Animais com características fenotípicas da raça e com 50% de sangue Holstein Frísia.
Classe F - Vacas adultas com características fenotípicas da raça Holstein Frísia, sem genealogia conhecida e que obedeçam às condições específicas descritas no art.17.º.
Classe G - Crias sem características fenotípicas da raça e com 50% de sangue Holstein Frísia.
São condições específicas para a inscrição de animais na classe F, as seguintes:
a) Terem obtido as produções mínimas de 6.000 kg de leite, 222 kg de MG e 192 kg de MP aos 305 dias da 1.ª lactação, ou 8.000 kg de leite, 296 kg de MG e 256 kg de MP em 305 dias de qualquer outra lactação;
b) Terem obtido na avaliação morfológica a pontuação mínima de 80 Pontos.
Esta alteração no regulamento foi já entregue ao organismo do estado responsável pela tutela do melhoramento animal no nosso país, juntamente com outras propostas para a alteração dos regulamentos do contraste leiteiro e dos sub-centros de inseminação artificial.
Embora passado mais de um ano, ainda não tenhamos recebido resposta da Direcção Geral de Veterinária às nossas propostas de alteração, este novo regulamento para o funcionamento do Livro Genealógico, é de certa forma irreversível, pois o novo programa informático BOVINFOR, que irá substituir a actual AS-400, está concebido para funcionar de acordo com as novas regras.
Samuel Rodrigo Pinto,
Secretário Técnico do L.G.P.R.F.