Rotulagem facultativa valoriza a carne açoriana | Informações Técnicas


Palestras sobre o setor da carne de bovino centraram-se nos desafios atuais e na importância da rotulagem facultativa.

A rotulagem facultativa é uma forma de valorizar e distinguir a carne açoriana. Essa foi uma das mensagens que Joaquim Marçal, engenheiro zootécnico e diretor da Certis, a empresa líder de mercado nesta área, transmitiu aos produtores que acompanharam de perto a palestra "Acrescentar valor à carne através das rotulagens facultativas".

Com uma experiência de 25 anos, a Certis trabalha em várias frentes, como na rotulagem facultativa, na agricultura biológica, na certificação florestal, certificação do bem-estar animal, sendo atualmente líderes de mercado.

"Falei da valorização da carne, dentro das rotulagens facultativas, onde expliquei os 25 anos da Certis e como é que chegamos até sermos líderes de mercado no setor primário, ao nível das rotulagens facultativas. Trata-se de valorizar a carne de bovinos através deste sistema de certificação", explicou Joaquim Marçal.

O diretor da Certis explica, mais ao pormenor, o que são rotulagens facultativas. "Existem menções obrigatórias na rotulagem, que têm de estar em todos os produtos. Mas existe um sistema que em Portugal, enquanto Estado-Membro da União Europeia, permite menções facultativas como a raça, ou a forma da maturação. Tudo aquilo que seja mensurável e que se possa mostrar ao consumidor que é uma mais-valia desse produto, pode ser utilizado. Desde que tenha por detrás um caderno onde estejam definidas as especificações e regras de produção, desde que haja uma aprovação desse caderno pela entidade competente, e exista um organismo de certificação independente que demonstre que, sistematicamente, essas regras de produção estão a ser cumpridas e estão em conformidade".

Uma realidade para a qual os produtores açorianos já estão alertas, refere Joaquim Marçal, verificando já a valorização dos seus produtos através da rotulagem facultativa, principalmente nos animais cruzados de Angus e Limousine.

Aproveitando a presença em São Miguel, a Certis entregou a placa de certificação da Cooperativa União Agrícola ao seu presidente, Jorge Rita.

A outra palestra sobre o setor da carne foi da autoria do engenheiro Paulo Costa, técnico da Federação Agrícola dos Açores, que abordou os "Desafios da produção de carne bovina".

Para Paulo Costa, o primeiro grande desafio prende-se com a necessidade de proteína para alimentar a população mundial, que em 2030 estima-se que chega aos 9.8 mil milhões de pessoas. "O que se tem observado é uma tentativa de aumentar esse volume de proteína através da criação de carne em laboratório, das proteínas vegetais que fazem mimetização de produtos carne. Mas todas elas, ao fim ao cabo, acabam por não ter o que nós temos no animal, que consegue transformar o material fibroso em produtos de elevado teor nutritivo proteico e biológico, como é o caso do leite e da carne de animais que pastoream. Não há outro animal que consiga converter esse alimento fibroso em produtos".

O segundo desafio prende-se com as alterações climáticas, que trazem o que apelida de "certeza das incertezas", com as secas prolongadas ou a chuva prolongada, "que nós não conseguimos prever e vamos ter de nos adaptar a elas". Ainda nesta temática, a contribuição do setor (11% da emissão de todos os gases estufa) e o que está a ser feito, com a ciência e a genética a trabalharem, lado a lado, para reduzir a produção de gás metano por parte dos bovinos, mas também no sequestro do carbono, que se consegue através de pastagens permanentes.

"Agora o desafio da produção vai ser aumentar a eficiência. Nós temos animais que são mais eficientes, temos vacas mais produtivas, que são mais férteis e conseguem ter maior facilidade de parto, conseguem gerar o vitelo ou seja terem mais longevidade e produzir mais produtos por vaca. A outra é a questão da eficiência alimentar e com tudo isso a função genética e o genoma são ferramentas essenciais para que nos secalhar tenhamos menos animais, mas mais produtivos".