Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
A produção leiteira, parte essencial da produção alimentar global, enfrenta um novo desafio devido à crescente limitação da utilização de produtos à base de cloro, motivado por reguladores e pela própria indústria que têm expressado preocupações crescentes sobre os impactos negativos do cloro no meio ambiente e na saúde humana. O uso excessivo de produtos à base de cloro na produção leiteira tem sido associado ao aparecimento de resíduos indesejáveis com a formação de subprodutos prejudiciais, entre eles, os cloratos. A limitação ou mesmo a proibição visa mitigar esses impactos, promovendo práticas mais seguras e sustentáveis.
Os cloratos, formados após o contacto do cloro com o leite, podem assim ser encontrados no mesmo após o uso de desinfetantes à base de cloro para higienização e desinfeção de salas e sistemas de processamento. Tal como com muitos outros produtos químicos, estes resíduos precisam de ser minimizados para evitar qualquer risco para a saúde humana. Um dos produtos mais suscetíveis de apresentar níveis elevados de cloratos, é o leite em pó, que após o processo de secagem tendem a concentrar-se no mesmo, o que torna os bebés um grupo de risco para exposição a estes resíduos.
A transição para práticas menos dependentes de cloro exige educação e capacitação de todos os intervenientes. Compreender as razões por trás da limitação do cloro e aprender a implementar eficazmente novas práticas de desinfeção é essencial para garantir uma transição suave e bem-sucedida.
Atualmente já muitas indústrias trabalham sem a utilização de produtos com cloro, obtendo resultados positivos, estando já no mercado alternativas para uma transição sem grandes percalços.
No entanto a realidade açoreana apresenta alguns constrangimentos, como as muitas explorações que não têm a possibilidade de utilização regular de água quente, ou a dificuldade em higienizar corretamente os tanques de leite utilizados para o transporte, fatores que implicam um olhar mais cuidado.
Entre as primeiras medidas para limitar o aparecimento destes resíduos, está a utilização correta do hipoclorito de sódio tendo em conta uma concentração adequada e um enxaguamento abundante. No entanto, a eliminação da utilização de hipoclorito de sódio, não é uma tarefa complicada, pois estão disponíveis no mercado alternativas de qualidade, como o ácido peracético, que será muito certamente a melhor opção nos dias de hoje.
No que respeita aos detergentes, a transição para detergentes não clorados deve ser feita em estreita colaboração entre técnicos e produtores, de modo a identificar o protocolo que melhor se adequa a cada realidade. Estes produtos, de concentrações mais elevadas, vão implicar naturalmente um custo médio de utilização mais elevado, quer por via do produto em si, como a utilização de água quente com temperaturas mais elevadas ou por exigirem um maior consumo de água nas lavagens.
Como conclusão, a limitação da utilização de cloro no setor do leite representa um ponto de viragem crucial em direção a práticas mais sustentáveis e seguras, muito embora os desafios sejam evidentes, a indústria tem a oportunidade de liderar inovações e adotar métodos de produção que garantam a qualidade dos produtos lácteos, ao mesmo tempo que preservam o meio ambiente e a saúde pública. A colaboração entre os diversos intervenientes e o compromisso com a mudança são essenciais para enfrentar com sucesso os desafios desta limitação.
Drº João Pereira
Novadan