Inicia-se os trabalhos da feno-silagem de erva, exige-se cuidados para uma boa conservação da forragem…

Numa silagem com pré-fenação, em fardo (rolo), é necessário ter em conta vários fatores que influenciam todo o seu processo, desde o início da sementeira até à abertura do rolo, para que quando aberto tenha um alto valor nutritivo.

Começamos pela escolha da variedade ou da mistura de sementes forrageiras a semear, as quais são selecionadas tendo em conta o objetivo do produtor e, acima de tudo, o maneio adotado por cada exploração de forma a salvaguardar as condições ótimas para um bom crescimento e desenvolvimento da cultura e, por conseguinte, a obtenção de forragens com elevada qualidade.

A aplicação de fertilizantes na cultura deverá ser em quantidades suficientes que permita assegurar a máxima produção e, por outro lado, consigam evitar efeitos negativos na sua qualidade. Os gases azotados provenientes, essencialmente, de uma adubação excessiva com a utilização de fertilizantes azotados podem vir a ser prejudiciais à qualidade da forragem, reduzindo seu valor nutricional e, também, causar uma degradação do filme estirável, não só na durabilidade como também a perda das propriedades de impermeabilidade ao oxigénio e à água, verificando-se em algumas situações a mudança da cor dos filmes de cor verde.

O estado de desenvolvimento da forragem e a altura de corte poderá influenciar em muito na qualidade da forragem que se pretende conservar. A forragem cortada muito precoce terá baixo valor alimentar e poucos açúcares, enquanto que a forragem cortada com muita fibra contribuirá para o aumento de bolsas de ar no interior do rolo e, por conseguinte, uma má conservação, uma diminuição da digestibilidade e do valor nutritivo da forragem. A presença de terra ou dejetos na forragem conduz à sua contaminação por bactérias e fungos nocivos, produzindo bolores que interferem no valor alimentar. Para reduzir o risco de contaminação deve-se fazer um corte de pelo menos 10 cm acima do solo.

Para obter uma boa fermentação e um bom valor nutricional da forragem, é necessário, cortá-la em condições climáticas ótimas e que este tempo dure até ser feito o rolo, e não em tempo húmido ou chuvoso, de forma a ser possível atingir uma matéria seca entre os 35% e 55%. Um índice de matéria seca inferior 35% pode causar uma fermentação incompleta uma vez que o índice de açúcares é baixo, provocando rolos com formas heterogéneas, os quais terão perdas de valor nutricional e serão de difícil armazenamento pela sua fraca conservação. Por outro lado, um índice de matéria seca superior a 55% pode causar a perda de açúcar, alterações na fermentação e o aumento do risco de formação de bolores.

Antes de iniciar a ensilagem dos rolos, as faixas devem estar uniformes e homogéneas. A sua largura deve ser determinada com base no tipo de enfardadeira utilizada. A qualidade da forma do rolo, a regularidade das suas dimensões, a sua homogeneidade e densidade/compactação dependem do estado em que se encontra a enfardadeira e das suas condições de utilização. A aplicação 2,5 voltas de rede será o suficiente para manter um rolo bem formado, caso seja um rolo com humidade elevada deverá ser aplicado mais uma volta de rede pelo menos.

Se desejar adicionar conservantes ou aditivos nutritivos à forragem, deverá verificar se são compatíveis com a técnica de ensilagem e o próprio filme. É importante a sua utilização nos casos em que existem elevada percentagem em humidade e/ou baixos teores de açúcares na forragem.

A cada trabalho de plastificação, é aconselhável verificar em particular, o estado de desgaste das peças, a lubrificação, a limpeza dos rolos de pré-estiramento, que devem estar isentos de depósitos de cola, a regulação da altura do sistema de pré-estiramento e o ajuste do sistema de pré-estiramento para obter um estiramento longitudinal do filme, entre 50% e 70%. A verificação do índice de velocidade de pré-estiramento, desenhe na bobina, antes do alongamento, duas linhas verticais distantes 10cm. Uma vez esticada a película sobre o rolo, a distância entre estas duas linhas não deve ser inferior a 16cm nem superior a 17cm, em paralelo, a largura do filme estirado deve ser maior que 75% da largura nominal do filme antes do estiramento (p.e. a utilização de um filme de 750mm, a largura após o estiramento deve estar entre 565mm e 625mm). O estiramento insuficiente perturba a aderência das camadas de filme entre si e induz um risco de penetração de ar no rolo. O estiramento muito largo reduz excessivamente a espessura e a largura do filme, portanto, deixa de ter seu efeito ideal e corre o risco de rasgar. Durante o uso no campo, é necessário armazenar as bobinas protegidas da luz solar e do calor, de modo a evitar o aquecimento das bobines.

O princípio da plastificação consiste em colocar, por dupla rotação do rolo, pelo menos 16 voltas (24 voltas recomendado) de filme ao longo do rolo, para proporcionar a melhor estanqueidade possível e minimizar o risco de perfuração.

O enfardamento ou a plastificação não deve ser feita em condições de chuva, nem de humidade, pois reduz o poder de adesão do filme. Nas horas mais quentes, o calor condiciona o pré-estiramento. É importante não esquecer que o lado adesivo do filme é aquele que deve ficar em contato com a forragem. Se na plastificação utiliza duas bobinas de filme, use sempre a mesma cor de filme, caso contrário, a temperatura da forragem acondicionada no rolo será homogénea.

Não deixe uma bobina de filme aberta no mastro desenrolador durante uma paragem de trabalho, coloque-a de volta em sua embalagem e guarde-a ao abrigo da luz. O calor acumulado pela bobina desprotegida pode causar problemas na hora de reiniciar o trabalho, no colar, no esticar, entre outros, sendo que, os filmes de cor escura são mais afetados.

Lembre-se de que a erva ainda está "viva" depois de cortada. Enquanto houver oxigénio, as células continuam respirando e consumindo açúcar, o que diminui o valor nutricional da forragem, é muito importante plastificar rapidamente após o enfardar até um máximo de 2 horas.

No armazenamento de rolos plastificados, é necessário minimizar o manuseio durante o deslocamento, evitar atritos e choques, pois cada manipulação é uma potencial entrada de ar no rolo. É imprescindível o uso de pinças ou ferramentas especialmente desenvolvidas para o manuseio de rolos. O manuseio de rolos deve ser feito entre 1 e 72 horas, depois das 72 horas coloca em risco a hermeticidade das camadas de filme devido à pressão no interior do rolo e consequentemente afetará a conservação da forragem. Os rolos devem preferencialmente ser armazenados em "pé", com uma das faces planas para baixo e no máximo 3 rolos empilhados, com alto índice de matéria seca (entre 45% e 55%) e 2 rolos com baixo índice de matéria seca (entre 35% e 45%).

É aconselhável armazenar os rolos perto da exploração e em uma superfície preferência plana e evitando as superfícies onde possa acumular água. O alagamento por efeito da água pode fazer com que o filme perca a sua impermeabilidade ao oxigênio e à água, o que irá causar a degradação da qualidade da forragem e até mesmo a destruição. Não é recomendado armazenar rolos perto de árvores, pois podem ser destruídos por animais, que os utilizam como abrigo.

O filme tem uma resistência à degradação por raios UV de 12 meses. Os rolos devem ser consumidos preferencialmente até 12 meses após a sua plastificação. A intensidade da radiação solar interfere com a durabilidade do filme, isto é, terá sempre uma vida útil mais curta numa zona geográfica com elevada insolação (ex. Açores) do que comparativamente a outra zona com baixa insolação (ex. Norte da Europa). O mesmo se aplica se o filme for utilizado na mesma área geográfica no período de verão, quando a intensidade luminosa é mais forte e os dias são mais longos, em comparação com os períodos de primavera e outono em que a intensidade luminosa é menor e os dias mais curtos.

O filme estirável não é resistente a ataques de animais (pássaros, gatos, roedores, entre outros). Portanto, é recomendável, vedar e usar produtos anti roedores. A perfuração do filme provoca a penetração de oxigênio no rolo, prejudicando a correta conservação do produto ensilado. Se detetar uma perfuração, deve cobri-la com uma fita adesiva especifica e consumir rapidamente rolos perfurados. O granizo também pode ser responsável pela perfuração do filme estirável, dado que apenas consegue resistir a um certo nível de impacto.

Os rolos devem ser armazenados em área protegida contra tratamentos fitossanitários, pois existem certos produtos fitossanitários que atuam como pró-degradantes do filme de embalagem. Atualmente, algumas moléculas organometálicas (p.e. ferro, zinco, cobre, manganês, etc.), bem como compostos clorados, halogenados e sulfurados, têm sido identificados como agentes pró-degradantes, provocando a degradação prematura do filme, assim como a perda de suas propriedades de impermeabilidade ao oxigênio e à água, o que por sua vez causa a degradação da qualidade da forragem e até mesmo sua destruição.

Quando finalizada a utilização da rede/filme, deve ser reciclado, nunca devem ser enterrados, nem queimados. Os filmes contêm componentes cuja degradação pode ameaçar o meio ambiente, principalmente a água, o solo e o ar.  Não deixe ficar os filmes espalhados no chão, coloque os filmes em local apropriado para o efeito.

Todos os nossos produtos da Barbier possuem a identificação necessária para realizar a rastreabilidade do produto ao longo de sua vida, bem como um flyer de informações e instruções de utilização, mas também pode consultar no website ou mediante solicitação na CUA.

“A agricultura é a arte de saber esperar.”

Riccardo Bacchelli

Eng.º Hugo Pombo