Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
A sua importância na alimentação das vacas leiteiras não se limita apenas ao facto de ser uma planta que tem elevadas produções, mas, também, por ser uma fonte de alimento com um alto valor nutritivo e a um custo competitivo em relação a outros alimentos com semelhantes características.
Assim sendo, com este artigo pretende-se, resumidamente, disponibilizar informação ao agricultor sobre as características da cultura, de forma a que este possa adoptar as melhores soluções, sobretudo no que diz respeito: à escolha das melhores variedades; ao momento de aplicação dos fertilizantes; à altura de combate às infestantes; à época e operações de colheita e à data da execução das diversas operações culturais.
Exigências edafo-climáticas
O milho é uma planta que necessita de calor e humidade para produzir satisfatoriamente e proporcionar rendimentos compensadores. Esta cultura desenvolve-se bem em zonas que apresentam uma boa distribuição das chuvas ao longo do seu ciclo, temperaturas médias diárias superiores a 19 ºC e temperaturas do solo superiores a 10ºC, sobretudo aquando da germinação e emergência das plântulas. As maiores exigências em humidade ocorrem nas épocas de germinação, florescimento e durante o enchimento dos grãos. As deficiências em humidade, temperatura e/ou nutrientes, próximo e durante o desenvolvimento da bandeira do milho, poderão levar a grandes perdas de produção.
Esta cultura adapta-se a diversos tipos de solo, desde que tenham uma boa drenagem. Os solos arenosos favorecem a precocidade, mas os solos de textura franco-argilosa têm a vantagem de possuírem uma capacidade superior de armazenamento de água. O milho exige solos com uma boa estrutura, nomeadamente no período de crescimento do sistema radicular, um enraizamento limitado em profundidade e densidade irá repercutir no crescimento das plantas, pela dificuldade de acesso à água e aos nutrientes contidos no solo. É uma cultura exigente em fertilidade do solo. O pH óptimo situa-se entre 6,0 e 7,0, mas cultura tolera pH entre 5,5 e 7,5. O milho é moderadamente tolerante à salinidade.
Necessidades nutritivas e fertilização
Na fase inicial de crescimento das plantas de milho, as necessidades em nutrientes são pequenas, no entanto a existência de altas concentrações de nutrientes nesta fase é benéfica por estimular o desenvolvimento inicial da planta, para além de influenciar no tamanho final das folhas, da espiga e das outras partes da planta.
A colocação de fertilizantes na linha da cultura, a cerca de 5 cm para cada lado da planta e ligeiramente abaixo da semente é vantajoso, pois assim as raízes podem interceptar a zona do fertilizante.
Nas fases mais adiantadas da cultura, as plantas requerem uma maior quantidade de nutrientes, os quais deverão encontrar humidade no solo para que se dê a sua absorção pelas raízes. Aliás, a incorporação no solo de quantidades adequadas de fertilizantes para suprir as deficiências em nutrientes é o método mais eficaz para satisfazer as necessidades das plantas em fases mais avançadas do crescimento.
A absorção de potássio é completada após o aparecimento das barbas do milho, continuando a absorção do azoto e do fósforo. Em regra, alguma parte do potássio é translocado de outras partes da planta para o grão, durante estas fases mais adiantadas do crescimento. A translocação de azoto e de fósforo para desenvolvimento do grão, pode causar sérios deficiências nas folhas, levando, até mesmo, à morte prematura das mesmas.
Para uma produção entre 40 a 90 toneladas por hectare de milho forrageiro, as plantas exportam do solo 98 a 220 Kg/ha de azoto, 40 a 91 Kg/ha de fósforo e 133 a 300 Kg/ha de potássio.
A determinação das quantidades adequadas e da fórmula do fertilizante aplicar, deverão ser encontradas pelo conhecimento das necessidades nutritivas da cultura e pela avaliação da fertilidade do solo, através da sua análise. A colheita da amostra para análise deverá ser feita com alguma antecedência, para que as recomendações da fertilização cheguem atempadamente às mãos dos agricultores.
A erosão, o cultivo intensivo, o clima e a própria origem do solo, podem ser responsáveis por surgir terrenos com menor ou maior acidez. A acidez de um solo é expressa por um índice denomidado pH. A escala de pH varia de 0 a 14, sendo que 7 é o valor neutro.
Quando numa análise aparece menor quer 7 dizemos que o terreno é ácido, pH maior que 7 é alcalino. O milho, como já foi referido, requer pH entre os 5,5 e 7,5.
Caso exista a necessidade de aplicar calcário, quantidades consideráveis de correctivo, é aconselhável não ultrapassar a quantia de 3000 Kg/ha por ano.
Quanto à época de aplicação, o calcário deve ser espalhado sobre o solo com alguma antecedência, no mínimo 60 dias antes da sementeira, e igualmente distribuído por todo o terreno. A acção benéfica da calagem reflecte-se, por vezes, não pelo facto de se conseguir uma elevação do pH do solo, mas sim, pela eliminação do alumínio trocável do solo (acidez nociva).
A aplicação de correctivos agrícolas em solos ácidos, aumenta a eficiência da adubação mineral.
A adubação mineral do milho pode ser feita com uma adubação total à sementeira ou por uma aplicação de fertilizante composto à sementeira e um azotado à cobertura.
Caso o agricultor, opte por realizar um adubação total à sementeira deverá semear com fertilizantes especificos, cujo o seu azoto seja estabilizado, de forma assegurar a disponibilidade de azoto nos momentos de máxima necessidade da cultura. Enquanto na adubação fraccionada, o agricultor deverá aplicar à sementeira e na linha uma adubo composto NPK, sendo aconselhado aplicar a doses totais de fósforo e potássio necessárias à cultura e apenas 1/4 a 1/3 da dose total de azoto.
Preparação do solo e sementeira
Nos Açores, a preparação do solo e a sementeira do milho iniciam-se a partir da segunda quinzena de Abril e vão até ao final de Maio, quase sempre em solos instalados com pastagem.
O milho, como todas as outras culturas, tem a necessidade de ser semeado em solos bem preparados, de forma a que não seja comprometido a germinação das plântulas e o seu desenvolvimento. A preparação do solo deverá ter por objectivo básico melhorar as condições de germinação, emergência e de estabelecimento das plântulas, assegurando uma boa infiltração das águas, de modo a reduzir as perdas por escorrimento e erosão, sobretudo dos solos mais frágeis. Pode dizer-se que a preparação do solo passa por duas etapas, em que a primeira consiste numa operação grosseira, realizada com charruas, fresas, escarificadores e/ou subsoladores, enquando que na segunda etapa faz-se uma operação de nivelamento e incorporação de fertilizantes e/ou fitofarmacêuticos no solo com a utilização de grades ou, no caso de nivelamento, rolos.
Aquando da prepação do solo existe um conjunto de boas práticas que o agricultor deverá ter em atenção, tais como: nos solos declivosos, mobilizar e semear paralelamente às curvas de nível, de forma a minimizar a erosão; Realizar mobilizações profundas sem reviramente da leiva, quando necessário, tendo em vista o melhoramento de zonas mais compactadas no perfil da cultura; Evitar o máximo possível a passagem de máquinas, sobretudo em solos pesados; Reduzir o período entre a preparação final do solo e a sementeira, de forma a evitar perdas de humidade, na cama da semente; Evitar os trabalhos no solo quando o teor de humidade é propício a fenómenos de compactação; Evitar o esmiuçamento excessivo da camada superficial, em solos com uma estrutura instável. O risco de formação de crosta superficial existe e as emergências podem tornar-se deficientes.
Escolha da variedade
Para além das condições edafo-climáticas, das práticas de preparação do solo, o rendimento da cultura também passa pelo potencial genético da variedade semeada. A variedade não deve ser definida pelo gosto pessoal ou preço, deverá ter-se em conta as características e o sistema de produção. Na escolha, o agricultor deve informar-se junto dos técnicos sobre as características das diferentes variedades, ter em atenção as experiências regionais e/ou o comportamento em colheitas passadas.
Densidade e profundidade
de sementeira
Em termos genéricos, a densidade de sementeira óptima é determinada pelo ciclo da variedade. Verifica-se que variedades de ciclo mais curto toleram uma maior densidade em relação às variedades de ciclo mais longo. A razão desta diferença resulta do facto das de ciclo menor, geralmente, apresentarem plantas de menor altura e massa vegetativa. Estas características levam a um menor sombreamento, possibilitando com isto um menor espaçamento entre plantas.
A profundidade de sementeira é um outro parâmetro que se deve ter em conta aquando da sementeira. Os factores que condicionam a profundidade são a temperatura, humidade e o tipo de solo. Quando estamos na presença de solos pesados ou quando a temperatura do solo é baixa, deverá realizar-se a sementeira mais à superficie, cerca dos 3 a 5 cm. Em solos mais leves, arenosos, a profundidade pode ser maior, entre os 5 a 8 cm, aproveitando as condições mais favoráveis de humidade do solo.
Controle de infestantes
O milho, na fase inicial do seu desenvolvimento, é muito sensível à ocorrência de infestantes, as quais iram competir com o milho em relação ao espaço, luz, água e nutrientes, podendo levar até perdas na ordem dos 30 a 40%. Na cultura do milho é conveniente combater as infestantes o mais cedo possível, de forma a que não seja comprometido os níveis de produtividade. A eliminação das infestantes deverá ser eficaz, evitando que estas venham a ser uma fonte de multiplicação de doenças e/ou pragas e, em alguns casos, que não venham a desenvolver-se no final do ciclo produtivo, dificultando a operação de colheita e alterando a qualidade da silagem.
O agricultor deverá adoptar um conjunto de práticas agrícolas que poderão facilitar o controlo das infestantes, como por exemplo: a rotação de culturas, com plantas que concorrem com as infestantes, perturbando o seu ciclo biológico; a não utilização de máquinas (a fresa, por exemplo) que favorecem a multiplicação vegetativa de infestantes; A realização de adubações adequadas, assegurando um desenvolvimento pleno da cultura.
O combate recorrendo à monda química, implica por parte do agricultor um elevado grau de conhecimentos técnicos: adaptação do herbicida e as doses em função das infestantes presentes, a fase de desenvolvimento da cultura e as condições climáticas. Sabe-se que a eficiência de um herbicida está intimamente relacionada à sua aplicação, que deve ser feita uniformemente. Os problemas verificados na ineficiência do controle das infestantes na maioria dos casos está relacionada com a calibração dos pulverizadores e na mistura dos produtos.
A utilização de herbicidas exige que os agricultores tenham alguns cuidados, tais como: não utilizar sistematicamente a mesma substância activa, de forma evitar o surgimento de resistências ao herbicida; Não realizar aplicação quando está vento, evitando a contaminação de outras culturas que estejam próximas; Não aplicar em horas de maior calor; Na sua aplicação, o solo deverá estar bem destorroado e não mobilizar após a sua aplicação, excepto no caso de herbicidas que necessitam de incorporação; O perigo de persistência dos herbicidas residuais está dependente de vários factores, entre os quais se destacam o tipo de solo, o regime de chuvas e as mobilizações. Assim, quando se utiliza este tipo de herbicidas, deve ter-se em atenção eventuais efeitos de fitotoxicidade na cultura seguinte; Após aplicação do herbicida, os equipamentos deverão ser lavados, evitando o risco de mistura de herbicidas que podem ser prejudiciais na próxima aplicação; Na utilização de novos equipamentos, deverá fazer-se um teste com água, para aferir o débito do aparelho; E Sempre que se recorre à utilização de herbicidas, deve ter-se em conta a protecção do ambiente, escolhendo herbicidas menos agressivos e não excedendo as doses recomendadas.