Serviço de apoio ao maneio reprodutivo da Associação Agrícola de São Miguel | Informações Técnicas


A produção de leite como principal fonte de rendimento das nossas explorações está diretamente comprometida com os partos. Em qualquer exploração o objetivo central é produzir o máximo de leite por vaca, a um custo mais reduzido possível. Isto pressupõe que cada vaca deva ser inseminada, fique gestante e pare num período de tempo restrito.

Caso a gestação seja atrasada (por qualquer que seja a causa), conduz inevitavelmente a uma redução na produção de leite, durante a vida útil do animal e, consequentemente uma perda de rendimento, podendo transformar a exploração inviável do ponto de vista económico.

O maneio reprodutivo, é uma ferramenta fundamental para melhorar a eficiência quer reprodutiva, quer económica da exploração.

Qualquer exploração de leite (ainda que de forma inconsciente em muitos casos) define como objetivo atingir determinados índices reprodutivos, de forma a tornar a sua exploração mais rentável e mais sustentável do ponto de vista económico. O ideal seria cada vaca parir de doze em doze meses, e ficar gestante logo á primeira inseminação. No entanto sabe-se que estes objetivos são difíceis de alcançar, dados os inúmeros fatores que os podem condicionar. Para contornar esta dificuldade acrescida, o produtor deve colocar como meta, objetivos suscetíveis de serem alcançados, para cada parâmetro reprodutivo. Para conseguir uma performance reprodutiva ótima de uma exploração, é necessário retirar a máxima performance reprodutiva de cada vaca.

Isto pressupõe que uma fêmea tenha o primeiro parto aos 24 meses, que posteriormente pare a cada 12 a 13 meses, e fique gestante entre os 85 e 115 dias pós-parto.

Só através de um bom controlo reprodutivo da exploração, se pode alcançar os objetivos pretendidos na vertente reprodutiva. Este pode condicionar a taxa de abates por ineficiência reprodutiva, o número de fêmeas a repor, o progresso genético, a longevidade dos animais em produção, a duração do período seco,..

É comum dizer-se, que as vacas têm cada vez mais dificuldade em ficar gestantes. Sendo este um fato indesmentível, é também compreensível. À medida que vamos intensificando a seleção genética, melhorando, a alimentação, o maneio, a sanidade, as vacas vão produzindo mais e mais leite, atingindo por vezes volumes impensáveis até há poucos anos. Este fato normalmente repercute-se de uma forma negativa na reprodução. As vacas têm cada vez menos fertilidade, devido a um aumento de patologias ováricas, por desregulação hormonal, menos cios e mais difíceis de detetar.

Esta situação exige que prestamos mais atenção às vacas na vertente reprodutiva, ou seja tem de existir um maior e mais apertado controle, quer por parte dos técnicos com conhecimento na área da reprodução, quer pelos produtores/tratadores, de forma a obter um conhecimento mais apurado quer a nível individual, quer coletivo do efetivo.

É fundamental que os produtores/tratadores façam uma eficaz deteção de cios. Devem observar as vacas várias vezes por dia de forma a identificar sinais de cio. (Exemplo: de manhã quando transporta as vacas para a ordenha, e trinta minutos depois destas serem colocadas no pasto após a ordenha, repetindo de tarde os mesmos procedimentos.). A não deteção de um cio, e consequentemente o seu não aproveitamento, traduz-se numa perda média de 21 dias no processo reprodutivo de uma fêmea, que multiplicado por N/Fêmeas traduz-se numa enorme prejuízo. Devem ser registadas todas as ocorrências verificadas para cada fêmea, em papel/agenda, ou sistema informático, que deverão ser disponibilizados ao técnico responsável (veterinário), para depois em conjunto, tomarem as medidas mais adequadas quer a nível individual ou coletivo.

Independentemente do fato de a A.A.S.M., já prestar apoio às explorações na área da reprodução, o contexto atual obriga à necessidade de ir mais além, no sentido de prestar um apoio mais profícuo e mais personalizado.

A partir de agora a A.A.S.M., disponibiliza o serviço de apoio ao maneio reprodutivo personalizado, em forma de avença. Qualquer produtor pode aderir a este serviço. Consiste em visitas feitas ás explorações uma ou duas vezes por mês (consoante a dimensão e as necessidades de cada exploração), por um médico veterinário. A visita é marcada previamente, dia e hora, e tem como objetivo a realização de um exame exaustivo, do ponto de vista reprodutivo, a cada animal que achar conveniente ser examinado.

É preciso ter em conta que o período onde o controle reprodutivo é mais intenso situa-se nos primeiros 115 dias após o parto, altura que medeia o parto e a confirmação da gestação. Nesta fase é importante saber como se comporta o útero, se existem ou não infeções (metrites), se a sua evolução está a processar-se de uma forma normal, se existe atividade ovárica, se alguma patologia ovárica se desenvolveu, confirmar a gestação. Confirmado o diagnóstico de gestação, normalmente só na altura da secagem, é necessário observar novamente a fêmea, para reconfirmar a gestação, para que esta se processe de uma forma convicta e segura. Todos os procedimentos podem ser executados manualmente ou com o auxílio do ecógrafo.

Todas as ocorrências verificadas, serão registadas ou pelos produtores, se assim o preferirem, ou então pelos nossos serviços, no sistema informático do contraste leiteiro que trata da reprodução.

Tratando-se de um serviço diferenciado e personalizado, terá obviamente um custo, ainda que simbólico. Exemplo: uma exploração com 50 vacas, se optar por uma visita mensal, pagará 1euro/vaca/mês, ou seja 50 euros mês, independentemente do número de vacas que foram examinadas em cada visita. Se optar por duas visitas mensais, ou seja visitas quinzenais, pagará 1.5 euros/vaca/mês, ou seja 75 euros mês, e assim sucessivamente consoante o número de vacas que cada exploração possua.

É de notar que estes valores cobrados, estão longe de cobrir os custos dos serviços prestados, servem no entanto para pagar a diferenciação dos mesmos.

Esperamos que os Produtores, possam beneficiar deste novo serviço, de forma a tornar as suas explorações mais rentáveis.

 

 

Dr. João Vidal
Médico veterinário