Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
O milho é um dos cereais mais cultivados e consumidos em todo o mundo, seja na alimentação humana ou animal. Esta cultura assume uma importância enorme na maioria das explorações leiteiras, por fornecer aos lavradores uma fonte altamente produtiva com características ótimas para ensilar e por ser um alimento com excelente digestibilidade e palatibilidade para o gado leiteiro. O milho forrageiro produz altos teores energéticos por hectare quando comparamos com outras espécies forrageiras. Nos Açores, e tendo em conta estas características, também fazem desta cultura um recurso fundamental na alimentação das vacas leiteiras, recorrendo os lavradores açorianos às parcelas de terra com melhor aptidão na sua exploração para o seu cultivo e ou outras parcelas que se encontram de pastagem permanente, mas dado a necessidade de renová-las fazem rotação com a cultura do milho forrageiro.
O planeamento da cultura torna-se imperioso para que tínhamos um sistema de cultivo eficiente. Para além de ter em atenção a época de corte, em função da matéria seca, e as regras básicas de ensilar uma forragem, existem outros fatores agronómicos cruciais ao seu sucesso: a escolha do híbrido, a mobilização do solo, a fertilização e a proteção da cultura.
As decisões só poderão ser ponderadas relativamente aos diferentes fatores acima referenciados se tivermos conhecimentos suficientes sobre as características e as exigências edafo-climáticas da cultura, com o intuito de atingir os objetivos pretendidos:
Produzir o máximo
por hectare com a melhor
qualidade possível
Tendo em consideração este objetivo, o lavrador deverá ter sempre em conta os seguintes aspetos:
1. Produzir para o obter o máximo de matéria seca e energia;
2. Este máximo só é possível quando existe uma boa relação entre maçaroca e planta;
3. Esta relação só será boa se colhermos no momento certo.
Exigências
Edafo-Climáticos
O milho é uma planta que necessita de calor e humidade para produzir satisfatoriamente e proporcionar rendimentos compensadores. Esta cultura desenvolve-se bem em zonas que apresentam uma boa distribuição das chuvas ao longo do seu ciclo, temperaturas médias diárias superiores a 19 ºC e temperaturas do solo superiores a 10ºC, sobretudo aquando da germinação e emergência das plântulas. As maiores exigências em humidade ocorrem nas épocas de germinação, florescimento e durante o enchimento dos grãos. As deficiências em humidade, temperatura e/ou nutrientes, próximo e durante o desenvolvimento da bandeira do milho, poderão levar a grandes perdas de produção.
Esta cultura adapta-se a diversos tipos de solo, desde que tenham uma boa drenagem. Os solos arenosos favorecem a precocidade, mas os solos de textura franco-argilosa têm a vantagem de possuírem uma capacidade superior de armazenamento de água. O milho exige solos com uma boa estrutura, nomeadamente no período de crescimento do sistema radicular, um enraizamento limitado em profundidade e densidade irá repercutir no crescimento das plantas, pela dificuldade de acesso à água e aos nutrientes contidos no solo. É uma cultura exigente em fertilidade do solo. O pH óptimo situa-se entre 6,0 e 7,0, mas cultura tolera pH entre 5,5 e 7,5. O milho é moderadamente tolerante à salinidade.
Seleção da variedade
A seleção do milho híbrido é um dos pontos mais importantes no planeamento da cultura. A escolha da variedade deverá ter em consideração não só a quantidade, mas também a qualidade. O potencial de produção dos híbridos poderá ser conhecido através de ensaios, de forma a avaliar a performance das diferentes variedades relativamente às suas produções e aos seus valores nutritivos.
As variedades de milho forrageiro deverão ter uma boa capacidade produtiva, bons níveis energéticos, e uma boa digestibilidade.
A classificação dos milhos híbridos forrageiros de top pode variar com base em diferenças na digestibilidade da fibra e da relação planta/grão. Um híbrido de dupla aptidão deverá ter bons rendimentos tanto na produção de grãos com na produção de forragem. Apesar do potencial produtivo das variedades, a seleção deverá sempre iniciar-se pela identificação da variedade que se adapta melhor à zona em termos de maturidade, a doenças, a resistências a insetos e à tolerância à seca.
Ao longo dos últimos anos, a Cooperativa União Agrícola tem desenvolvido vários campos de experimentação de variedades de milho forrageiro, avaliando não só o potencial produtivo, mas também a sanidade das plantas e a avaliação de parâmetros que definem a qualidade do milho ensilado. Para obter mais informações entre em contacto com os técnicos da nossa Cooperativa.
Mobilização do solo
Nos Açores, a preparação do solo e a sementeira do milho iniciam-se praticamente a partir da segunda quinzena de Abril e vão até ao final de Maio, quase sempre em solos instalados com pastagem.
A preparação do solo deverá ter por objetivo básico melhorar as condições de germinação, emergência e de estabelecimento das plântulas, assegurando uma boa infiltração das águas, de modo a reduzir as perdas por escorrimento e erosão. Pode dizer-se que a preparação do solo passa por duas etapas, em que a primeira consiste numa operação grosseira, realizada com charruas, fresas, escarificadores e/ou subsoladores, enquanto que na segunda etapa faz-se uma operação de nivelamento do solo com a utilização de grades ou rolos.
Aquando da preparação do solo existe um conjunto de boas práticas que o agricultor deverá ter em atenção, tais como: nos solos declivosos, mobilizar e semear paralelamente às curvas de nível, de forma a minimizar a erosão; Realizar mobilizações profundas sem reviramento da leiva, quando necessário, tendo em vista o melhoramento de zonas mais compactadas no perfil da cultura; Evitar o máximo possível a passagem de máquinas, sobretudo em solos pesados; Reduzir o período entre a preparação final do solo e a sementeira, de forma a evitar perdas de humidade, na cama da semente; Evitar os trabalhos no solo quando o teor de humidade é propício a fenómenos de compactação; E evitar o esmiuçamento excessivo da camada superficial, em solos com uma estrutura instável. O risco de formação de crosta superficial existe e as emergências podem tornar-se deficientes.
Densidade, profundidade
e velocidade
de sementeira
Em termos genéricos, a densidade de sementeira ótima é determinada pelo ciclo da variedade. Verifica-se que variedades de ciclo mais curto toleram uma maior densidade em relação às variedades de ciclo mais longo. A razão desta diferença resulta do facto das de ciclo menor, geralmente, apresentarem plantas de menor altura e massa vegetativa. Estas características levam a um menor sombreamento, possibilitando com isto um menor espaçamento entre plantas.
A profundidade de sementeira é um outro parâmetro que se deve ter em conta aquando da sementeira. Os fatores que condicionam a profundidade são a temperatura, humidade e o tipo de solo. Quando estamos na presença de solos pesados ou quando a temperatura do solo é baixa, deverá realizar-se a sementeira mais à superfície, cerca dos 3 a 5 cm. Em solos mais leves, arenosos, a profundidade pode ser maior, entre os 5 a 8 cm, aproveitando as condições mais favoráveis de humidade do solo
A velocidade de sementeira deverá ser ajustada (5 km/h), evitando a ocorrência de uma emergência pouco homogénea.
Necessidades nutritivas
e fertilização
Um plano de fertilização do solo para a produção de milho forrageiro deverá maximizar a produção de forragem, de alta qualidade, sem o uso excessivo de fertilizantes, evitando gastos desnecessários e o arrastamento ou a lixiviação de nutrientes.
O milho forrageiro necessita de grandes quantidades de nutrientes, resultando em recomendações substanciais de fertilizantes. No planeamento da fertilização deverá ter-se em consideração as culturas anteriores, o maneio da exploração, a aplicação de chorumes ou estrumes. Ou seja, é importante termos em conta as contribuições em nutrientes das culturas anteriores e das possíveis fontes que poderão levar ao aumento da fertilidade do solo, de forma a evitar a aplicação excessiva de fertilizantes. Por conseguinte, a análise da terra é um excelente instrumento para que seja feita uma correta gestão dos nutrientes necessários a aplicar na adubação do milho forrageiro.
Um bom planeamento da fertilidade do solo pode melhorar a qualidade da forragem. O teor de proteína no milho é diretamente proporcional com a disponibilidade de azoto para a cultura.
Na fase inicial de crescimento do milho, as necessidades em nutrientes são pequenas, no entanto a existência de altas concentrações de nutrientes nesta fase é benéfica por estimular o desenvolvimento inicial da planta, para além de influenciar no tamanho final das folhas, da espiga e das outras partes da planta.
A colocação de fertilizantes na linha da cultura, a cerca de 5 cm para cada lado da planta e ligeiramente abaixo da semente é vantajoso, pois assim as raízes podem intercetar a zona do fertilizante.
Nas fases mais adiantadas da cultura, as plantas requerem uma maior quantidade de nutrientes, os quais deverão encontrar humidade no solo para que se dê a sua absorção pelas raízes. Aliás, a incorporação no solo de quantidades adequadas de fertilizantes para suprir as deficiências em nutrientes é o método mais eficaz para satisfazer as necessidades das plantas em fases mais avançadas do crescimento.
A absorção de potássio é completada após o aparecimento das barbas do milho, continuando a absorção do azoto e do fósforo. Em regra, alguma parte do potássio é translocado de outras partes da planta para o grão, durante estas fases mais adiantadas do crescimento. A translocação de azoto e de fósforo para desenvolvimento do grão, pode causar sérias deficiências nas folhas, levando, até mesmo, à morte prematura das mesmas.
Proteção da cultura
O planeamento da proteção da cultura adequado de ser implementado por diversas razões. A concorrência de infestantes poderá levar a uma quebra na produção, na digestibilidade, na palatibilidade. A eliminação das infestantes deverá ser eficaz, evitando que estas venham a ser uma fonte de multiplicação de doenças e/ou pragas para a cultura e, em alguns casos, que não venham a desenvolver-se no final do ciclo produtivo, dificultando a operação de colheita e alterando a qualidade da silagem. Em situações de graves infestações de algumas espécies, como por exemplo a figueira de inferno, poderão levar a intoxicações dos animais que venham alimentar-se desta silagem contaminada. Além disso, as sementes das infestantes presentes na silagem serão espalhadas pelo estrume, causando problemas em outras parcelas da exploração.
A execução correta de práticas agrícolas (rotações de culturas e a preparação do solo) facilita, normalmente, o controlo das infestantes.
O planeamento de controlo das infestantes implica um grau elevado de conhecimentos técnicos: adaptação do herbicida e as doses em função das infestantes presentes, a fase de desenvolvimento da cultura e as condições climáticas. Para obter mais informações detalhadas sobre o planeamento do controlo de infestantes, entre em contacto com os técnicos que a Cooperativa União Agrícola.
Engº Nuno Dias