Governo diz que há “margem de progressão” do setor fora das pastagens | Agricultor 2000


O Presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, considera que existe margem de progressão para o setor agrícola na Região e alerta a indústria para o trabalho que tem de ser feito para ir ao encontro das necessidades e vontades do mercado. Vasco Cordeiro lançou vários números relacionados com o setor agrícola nos Açores, lembrando que ainda há muito trabalho a fazer. Neste sentido anunciou que o Governo Regional vai lançar uma campanha publicitária de âmbito nacional, para tornar os produtos lácteos açorianos mais conhecidos pela sua qualidade.

No discurso de abertura do XIII Congresso da Agricultura dos Açores, o Presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, fez um balanço do percurso "absolutamente notável" que a agricultura nos Açores tem feito nas últimas décadas. No entanto, alertou para os desafios que ainda têm de ser vencidos. Alguns estruturais e outros que resultam de fatores conjunturais externos.

Neste sentido, o presidente do Governo Regional, falou em três desafios que se colocam ao setor na Região nomeadamente ao nível da sustentabilidade. Uma questão que tem sido "valorizada e apreciada" de forma cada vez mais importante pelos consumidores e por isso a Região deve assumir as suas mais-valias nessa situação. "A começar pela sustentabilidade ambiental, e com as preocupações que se podem, para este efeito, agrupar no âmbito, quer das emissões de carbono, quer na própria gestão dos nossos recursos, como por exemplo, a água, é essencial que não nos deixemos encurralar numa argumentação defensiva às questões que se nos colocam", e tendo como referência a produção de leite e lacticínios disse ser "fundamental que, sem prejuízo da seriedade da abordagem a este assunto, não se caia na tentação de assumir dores alheias" quando os produtores açorianos têm "práticas produtivas respeitadoras e valorizadoras do ambiente e do bem-estar animal".

A questão da sustentabilidade, referiu Vasco Cordeiro, não pode "começar e acabar na pastagem e na produção" e refere que será fora das pastagens onde há atualmente "uma margem de progressão mais ampla para fazermos mais e melhor". Por isso chamou as indústrias para a discussão e referiu que "a performance energética das nossas indústrias de lacticínios e a sua componente ambiental são algumas das áreas que merecem um novo olhar e olhar atento", indo "ao encontro das necessidades e sensibilidades do mercado e, parte essencial, na transformação desses argumentos em ativos valorizadores de produtos, preços e rendimentos de toda a cadeia".

Num segundo desafio, Vasco Cordeiro falou na "aliança virtuosa" entre a investigação, a qualificação de processos e produtos que tem de ser ampliada. "É fundamental alicerçar melhor, e de forma mais eficaz essa parceria entre as diversas entidades que podem contribuir para a inovação e para o desenvolvimento do nosso setor agrícola. Há um caminho imenso que pode ser trilhado, mas há que vencer a perspetiva que não valoriza ou reconhece que esse caminho é condição de sobrevivência do setor agrícola", numa questão que não se coloca só à produção mas "de forma particularmente ativa nas fases subsequentes a esse setor".

Vasco Cordeiro lembrou ainda um terceiro desafio, "de evidenciarmos aquilo que fazemos bem e aquilo que queremos fazer ainda mais e melhor". Ou seja, um desafio da notoriedade da agricultura e das produções açorianas. Um desafio que "deve ser assumido por todos".

A este nível o Presidente do Governo Regional anunciou que vai ser lançada no início de 2020 uma campanha publicitária de âmbito nacional, "para tornar os produtos lácteos açorianos mais conhecidos pela sua qualidade".

O Presidente do Governo Regional falou ainda sobre o setor na Região, lançando alguns valores que evidenciam a evolução das produções regionais e a qualidade nelas presente. Por exemplo, referiu que a Região produz cerca de 50 por cento do queijo e quase 35 por cento do leite do país e, em 2018, a faturação da produção de leite atingiu perto de 180 milhões de euros, mais 7,2% do que em 2017. Já o o volume de negócios da indústria de lacticínios totalizou, em 2018, cerca de 310 milhões de euros, sendo um dos grandes contribuintes para o crescimento das exportações regionais.

Já o setor da carne, rendeu cerca de 50 milhões de euros no ano passado, onde foram investidos cerca de 15 milhões de euros na rede regional de abate e ao processo de certificação de todos os matadouros, que ficará concluído em 2020. No último ano, lembrou Vasco Cordeiro, foram abatidos nos matadouros dos Açores e aprovadas para consumo quase 73 mil carcaças de bovinos, o que corresponde a um aumento superior a 30% nos últimos cinco anos.

Quanto à diversificação agrícola, lembrou, registou-se, nos últimos quatro anos, um crescimento de quase 40% da área dedicada à vinha, à horticultura, à fruticultura e à floricultura, passando-se de uma área de cerca de 2.000 hectares para os atuais perto de 3.000.

Na vitivinicultura, e ao abrigo do programa VITIS, já foram investidos cerca de 21 milhões de euros, que permitiram reconverter quase 800 hectares de vinha. Sendo que na Região atualmente estão em produção cerca de 1.200 hectares de vinha, mais do que os 200 hectares que estavam a produzir vinha em 2010. "Como resultado deste incremento da produção, duplicou o número de marcas de vinho certificados de pouco mais de 20 para cerca de 40 atualmente disponíveis no mercado", referiu Vasco Cordeiro que lembrou o empenho do Governo Regional na estratégia para o setor agrícola.