COLÓQUIO “Até onde nos leva a Seleção Genética” | Agricultor 2000


No dia 29 de janeiro de 2019, a Associação Agricola de São Miguel promoveu em Santana, um coloquio em melhoramento genético de bovinos leiteiros intitulado de "Até onde nos leva a Seleção Genética". Com uma plateia marcadamente jovem e, conhecedora das tendências da genética da Holstein Frisia, deslocaram se até ao Parque de Exposições de São Miguel para ouvir o orador Horácio Larrea, um profundo conhecedor da realidade genética bovina de Portugal Continental e dos Açores. Horácio tem um vastíssimo curriculum, sendo o responsável pelos mercados da Semex na América Central e do Sul e de alguns países da Europa. Faz parte do grupo de especialistas responsáveis pelo programa de seleção genética da Semex e esteve no arranque do programa PROGENESIS, continuando a colaborar no seu desenvolvimento.

É uma preocupação constante da Associação Agricola em transmitir a todos os seus associados as mais recentes novidades do sector do melhoramento genético e mostrar o que poderá ser a realidade em termos de futuro da raça Holstein Frisia.

 

Ideias gerais do Colóquio:

I. Já é uma realidade explorações nos Estados Unidos da América com produções médias por vaca de 50 litros e fala-se que em 2030 possam chegar a médias dos 75 litros de leite/vaca/dia.

 

II. Atualmente a única forma de aumentar a rentabilidade da exploração é AUMENTAR EFICIÊNCIA PARA BAIXAR CUSTOS DE PRODUÇÃO. Para ser possivel é necessário cumprir três regras:

 

1. Produzir alimentos de alta qualidade para aumentar a ingestão - vaca que não come não produz;

2. Melhorar o conforto dos parques e das camas - permitir o conforto para que as vacas permaneçam bem deitadas (pelo menos 12 horas), levando desta forma ao aumento da ruminação;

3. Pressão na seleção dos animais, cumprindo as seguintes regras:

i. Só ter as melhores vacas na exploração;

ii. Usar o melhor sémen disponível (com maiores índices genéticos) e sexado nas melhores novilhas;

iii. Usar vários touros Top por períodos mais curtos (estão sempre a sair novos e melhores touros);

iv. Não ter vacas que não produzem o mínimo, mesmo que gestantes e de boa saúde;

v. Inseminar com carne as vacas para refugar;

vi. Refugar as piores 20% de um efetivo.

 

III. Os touros genómicos reduzem o intervalo entre gerações:

1. Em 2006 - começou-se a falar nos genómicos, hoje mais de 1 milhão de fêmeas são genotipadas por ano;

2. O DNA do embrião fecundado em vitro (FIV) permite saber se embrião tem interesse ou não;

3. Novilhas com 4 meses nos centros da Semex já produzem ovócitos para fertilizar;

4. Touros com 8 meses dão sémen para FIV;

5. Progresso genético 5 vezes mais rápido que antes.  

 

IV. Estratégias de Seleção:

1. Produzir 120% da reposição, que provêm do grupo geneticamente superior de mães para maximizar o diferencial de seleção;

2. Uso de touros superiores;

3. Sémen sexado nas novilhas e primíparas de maior mérito genético;

4. Utilização das técnicas de Transferencia embrionária e da Fecundação In Vitro;

5. Genotipagem de vitelas para selecionar a futura substituição;

6. Utilização de índices internos para ordenar por qualidade as vacas na ordenha;

7. Eliminação de vacas de baixa eficiência, mesmo quando prenhas;

8. Sémen de carne em vacas repetidoras ou de pior genética.

 

V. Genotipagem dos animais. Não vale a pena fazer genotipagem enquanto o efetivo não for uniforme. Esse dinheiro é mais bem empregue na compra de touros superiores. Genotipar quando o efetivo for muito uniforme e for difícil saber quais as melhores fêmeas.

 

NOS AÇORES, AO SELECIONAR PARA VACAS COM BOM TIPO, FORTES E COM LEITE, IRÁ-SE UNIFORMIZAR O REBANHO.

USAR SEMPRE TOUROS DE ACORDO COM CRITÉRIO E OBJETIVOS DO PRODUTOR DE FORMA A CONSEGUIR UNIFORMIZAR O MAIS POSSIVEL O EFETIVO.

 

Gonçalo Rebelo de Andrade

Sócio gerente Semex Portugal