Mal entrou no Parque de Exposições de São Miguel, em Santana, e Marcelo Rebelo de Sousa foi logo aplaudido de pé por cerca de três mil agricultores que ali se reuniram para partilhar o jantar com o Presidente da República organizado pela Associação Agrícola de São Miguel. Marcelo Rebelo de Sousa confessou ser consumidor dos produtos açorianos e manifestou ser um embaixador desses mesmos produtos a quem destacou a qualidade. Mas para que os produtos sejam de qualidade também os agricultores precisam de trabalhar bastante já que têm "das vidas mais difíceis da economia". É por isso que Marcelo Rebelo de Sousa se comprometeu a "puxar de forma especial" pela agricultura açoriana nas negociações do próximo Quadro Comunitário de Apoio

O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, fez questão de cumprimentar todos e de se deixar fotografar com quem assim o pedia, mostrando-se satisfeito por partilhar um jantar na Associação Agrícola de São Miguel com cerca de três mil agricultores e famílias.

Foi exatamente para os agricultores que Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu as primeiras palavras afirmando que "houve um tempo que se dizia, em Portugal todo, que a agricultura tinha passado, e que o futuro ia ser a indústria, o comércio e os serviços. Hoje, um pouco por todo o Portugal, por todo o mundo, redescobre-se que não há economias que se possam afirmar sem agricultura, sem os agricultores, sem mais juventude na agricultura, sem a experiência dos menos jovens, isso é uma realidade".

Uma realidade que também acontece nos Açores e "a prova que a agricultura nos Açores está viva, será cada vez mais forte, aberta a mais jovens, são as exportações de produtos agrícolas. É a sua qualidade, a capacidade para fazer o melhor e o melhor em quantidade e excelência é a carne, o leite, a manteiga, o queijo e outras produções agrícolas", disse.

O Presidente da República diz ser "testemunha" da qualidade dos produtos açorianos já que é "um apaixonado" por todos eles, considerando-se até "um embaixador desses produtos açorianos". No entanto deixou a ressalva que "não sou só embaixador quando venho aos Açores podia sempre dizer que era uma afirmação diplomática, dizendo que gostava daquilo que é a vossa produção. Não. Eu no dia-a-dia como esses produtos. Sou um exemplo de paixão por vários desses produtos, ainda não era Presidente da República, e já dizia o que digo e defendia o que defendo, já afirmava a qualidade daquilo que é vosso".

Perante cerca de três mil agricultores, o Presidente da República disse que os agricultores açorianos podiam "honrar-se e orgulhar-se" do que fazem todos os dias para contribuir para a agricultura dos Açores, "para a riqueza dos Açores, para a agricultura e riqueza de Portugal, porque esse orgulho é merecido" e reforçou esse merecimento. Até porque, afirmou, reconhece a vida difícil do agricultor, que "é das vidas mais difíceis da economia, não controlam nem mandam no tempo, às vezes não mandam na política internacional, normalmente não mandam, e não controlam aquilo que pode ser mais exportado ou menos exportado de acordo com essa política internacional, não está na vossa mão mas está na vossa mão, todos os dias começarem o dia como se fosse o primeiro, acreditando como se fosse o primeiro, defendendo aquilo que é vosso, trabalhando pela qualidade que é vossa, pela excelência que é vossa, e isso ninguém vos tira". Isso e a diferença dos produtos açorianos.

O testemunho vem na primeira pessoa já que "eu gosto de leite, gosto de leite português, gosto de manteiga, gosto de manteiga portuguesa, gosto de queijo, gosto de queijo português, gosto de carne, gosto de carne portuguesa. Mas há muito tempo que gosto em especial da vossa carne, do vosso queijo, do vosso leite e da vossa manteiga", mas não foi disso que Marcelo Rebelo de Sousa disse só gostar.

"Gosto do prazer de vos encontrar aqui todos, de vos cumprimentar um a um, porque não pode haver agricultores de primeira e agricultores de segunda, os agricultores que cumprimentam o Presidente e os que só o veem ao longe. Isso não pode existir, pelo menos enquanto for presidente", referiu Marcelo Rebelo de Sousa que reconheceu que "é bom estar aqui convosco".

O Presidente da República gostou particularmente que os produtores tivessem trazido os filhos e os netos "para que percebam que a agricultura é importante, e quem sabe se estão aqui os agricultores do futuro", afirmou. Marcelo Rebelo de Sousa também gostou de estar ao lado de Jorge Rita que considerou "um líder natural, porque todos gostam dele como líder e ele gosta de ser líder de vocês todos. Ficam todos satisfeitos. E eu fico satisfeito apesar de não ter voto na matéria", embora não tenha descartado a possibilidade de "saindo da Presidência venha comprar aqui uma terrinha não sei bem como, mas venha trabalhar numa terrinha que me emprestem aqui nos Açores e nessa altura já posso votar no Jorge Rita", disse.

Marcelo Rebelo de Sousa falou também daquilo que os mais de três mil agricultores estavam à espera de ouvir da sua parte. É que perante o novo Quadro Comunitário de Apoio, o Programa 2020, que já se começa a delinear, "nesse Programa há agricultura, nesse Programa podem ter a certeza que além de terem as autoridades regionais a puxarem por aquilo que é vosso, além de terem o Governo Nacional a puxar por aquilo que é vosso, para além de terem o Parlamento regional e nacional a puxar por aquilo que é vosso, os deputados no Parlamento Europeu, eu puxarei por aquilo que é vosso e é nosso e é de todos, para conseguir o máximo que pudermos para os anos a seguir a 2020".

É que 2020 "é já depois de amanhã" e é necessário que "todos puxem na mesma direção, puxar por Portugal, pela agricultura portuguesa mas puxar aqui, de forma especial, pelos Açores e pela agricultura açoriana".

Em jeito de resposta ao que disse o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Marcelo Rebelo de Sousa disse concordar que o turismo é muito importante e que tem de haver mais turismo nos Açores. Mas ressalvou que "o turismo está muito ligado à agricultura porque há muito turismo que está ligado à realidade que é a vossa paisagem, o vosso património, o vosso campo, a vossa identidade, o que é ser açoriano e viver à açoriano. Não são separáveis. Não é possível dizer vamos puxar pelo turismo sem puxar pela agricultura, nem é possível puxar pela agricultura sem ao mesmo tempo puxar pelo turismo. Tem que ser tudo ao mesmo tempo", alertou.

O presidente da República disse que os agricultores açorianos "podem contar comigo. Contem com aquilo que é o empenho das autoridades nacionais, vamos garantir para o futuro que aquilo que é um passado ilustre na agricultura e um presente de qualidade e de excelência, será também um futuro cheio de oportunidades", afirmou ao terminar o seu discurso dando vivas à agricultura açoriana, aos agricultores açorianos, aos Açores e concluiu "vivam os Açores para que possa viver Portugal".

Bastante aplaudido, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de provar as várias iguarias preparadas para o jantar que reuniu mais de três mil agricultores e famílias em Santana.