“O país tem de olhar para este exemplo” que é a Federação Agrícola dos Açores | Agricultor 2000


O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal elogiou o espírito de união vivido no seio da Federação Agrícola dos Açores e a relação entre o setor e o poder político.

O espírito de coesão vivido no seio da Federação Agrícola dos Açores (FAA) foi fortemente elogiado pelo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Presente na cerimónia evocativa dos 30 anos desde a fundação da FAA, Eduardo Oliveira e Sousa considerou mesmo que Portugal Continental tem de olhar para os Açores como um exemplo.

"Todo o país tem de olhar para este exemplo que aqui se vive e é muito visível nos agricultores. Aqui não há interesses individuais que se sobreponham aos interesses do coletivo. Não é por se ser presidente de uma associação que se retira benefícios diretos: não, o benefício direto aparece porque há um benefício do todo. E isso não pode ser, de maneira nenhuma uma referência menor: é um espírito de união que aqui se comemora, num ambiente de grande coesão em torno do trabalho que reconhecidamente está aqui a ser feito", afirmou.

O presidente da CAP enalteceu o valor do associativismo "levado a sério" e deu os parabéns a quem, há 30 anos, lançou a semente da fundação da federação. "É um exemplo que transborda para lá dos Açores e não poderia de maneira nenhuma deixar de me associar, pois às vezes é difícil nós passarmos a mensagem do benefício que uma associação com o profissionalismo como estes que funcionam nos Açores, revertem para cada um dos agricultores que se associam".

Eduardo Oliveira e Sousa aproveitou a ocasião para dar a conhecer as suas preocupações relativamente ao momento que a agricultura a nível nacional atravessa, fruto do que considera um "desmantelamento do Ministério da Agricultura", fruto da vontade do Governo da República de passar as direções regionais da agricultura para a tutela das Comissões  de Coordenação e Desenvolvimento Regional, as CCDR, debaixo da competência do Ministério da Administração. "Não temos nada contra as CCDRs, muito pelo contrário: elas são fundamentais, porque têm de ter uma visão global do território, integrando os diversos setores. Mas transportar os diretores regionais de agricultura para uma subposição, subordinada a uma CCDR que tem todo o tipo de competências, parece-nos perfeitamente desadequado. Daí a nossa apreensão, pois isto cheira a qualquer coisa que está por explicar", referiu.

"Mexer nas direções regionais é fazer o inverso daquilo que o Governo apregoa: que é a descentralização. Não há nenhum setor da economia que tenha maior representatividade no território, que seja a agricultura. E por isso, nós não percebemos o que está por detrás deste desmantelar das direções regionais", acrescentou

Uma situação bem diferente da vivida nos Açores, como anotou o representante dos agricultores portugueses, onde diz existir "o reconhecimento do papel fundamental do setor" na sociedade açoriana. "[Aqui] Existe um esforço comum, uma defesa institucional, assumida, de peito aberto, entre o Governo e o setor agrícola. Há um reconhecimento que a agricultura tem um papel fundamental na sociedade, a presença dos agricultores no território que espelha o verdadeiro ordenamento desse mesmo território, todas as atividades agrícolas, sem exceção", assinalou Eduardo Oliveira e Sousa, que agradeceu ainda, na pessoa do Presidente do Governo Regional dos Açores, a disponibilidade para receber a direção plenária da CAP que se reuniu nos Açores em novembro.

A finalizar, o presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses abordou os fundos comunitários e a importância que a CAP atribuiu a Bruxelas, "desde cedo", com a instalação de uma delegação permanente, onde é feita a defesa de todos os agricultores, "sejam de Portugal Continental, Madeira ou Açores".

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