Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
Depois de um enquadramento geral da produção de leite Açoriana na economia regional e nacional, abordou-se um pouco a perspetiva futura do consumo do leite. Concluindo-se que apesar do consumo nacional ter decrescido a nível nacional, perspetiva-se um aumento do consumo de leite per capita a nível mundial, por consequência do aumento do poder de compra dos países subdesenvolvidos por um lado e por outro pelo aumento da população mundial (9.6 mil milhões em 2050, FAO).
De seguida, a apresentação focou-se no tipo de acompanhamento técnico que tem sido feito pela Associação Agricola (AA), não se ficando só pela formulação mas passando também pela abordagem integrada de toda a exploração de forma a maximizar a eficiência em todo o processo produtivo. Essa abordagem passa essencialmente por três pilares: a eficiência na gestão, no maneio e na alimentação. Dado o tema principal ser a Nutrição e Alimentação da Vaca Leiteira, foi exemplificado de que forma podemos, e não raras vezes, aumentar o lucro da exploração, pelo que passa, em primeiro lugar, pela qualidade das forragens privilegiando sempre que possível a produção proteica, pelo bom maneio animal e alimentar, com sugestão de algumas praticas de maneio e, só depois, em função das especificidades de cada exploração, formular o concentrado que melhor se ajuste as reais necessidades das vacas. Na formulação dos concentrados e tida em linha de conta a forma como a vaca se alimenta em cada exploração, nomeadamente os horários em que são fornecidos os alimentos (pastagem, rolo, silagem de milho e outros) para que, alem de poder cobrir as necessidades nutricionais das vacas o concentrado permita que o rumem da vaca permaneça em equilíbrio 24 boras por dia, o que requer uma criteriosa seleção das matérias primas e aditivos a incorporar.
Foram apresentados alguns regimes alimentares de forma a melhor demonstrar que quando temos boas forragens, de preferência com muita proteína, e possível ter bons resultados produtivos com custos mais baixos - 1kg de proteína +/- = 0.74 € enquanto que 1 kg de amido +/- = 0.225 € -. Quando do regime alimentar fazem parte forragens de menor qualidade, se forem feitos os ajustes necessários no concentrado, e mesmo que este tenha que aumentar o prego, verificou-se que o lucro /vaca /dia e superior. No caso apresentado demonstrou-se que para uma vacaria com 50 vacas em produção e possível aumentar o lucro em cerca de 19.000 euros/ano.
Nas visitas técnicas as explorações sao calculados os indicadores económico/nutricionais, como o lucro vaca/dia (IOFC) e o custo por litro de leite entre outros. Assim, aquando das visitas, o produtor fica a saber os custos reais assim como os proveitos da sua atividade.
Procurou-se assim incutir na produção o sentimento de que, com acompanhamento técnico, com bom maneio, com boas forragens e com a formularão adequada, a produção de leite e mais eficiente, permitindo ao produtor ser mais competitivo no difícil mercado atual.
Filipe Martins
Eng.º Zootécnico