Vasco Cordeiro apela a trabalho conjunto para fortalecer setor leiteiro na Região | Agricultor 2000


O Presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, lembrou que há indicadores que começam a melhorar ao nível do preço do leite a nível internacional e que "nós temos de aproveitar esta janela de oportunidade, que ainda não sabemos de quanto tempo será, nem a sua intensidade, para criar cada vez melhores e cada vez mais sólidos alicerces para que o setor possa ultrapassar os momentos mais difíceis".

Vasco Cordeiro, que falava na inauguração do III Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono, defendeu a definição conjunta de um planeamento estratégico que reforce a capacidade para responder aos desafios estruturais com que o setor se confronta, que pode ser feita através do Centro Açoriano de Leite e Lacticínios, tendo referido que concorda com o desafio feito pelo Presidente da Associação Agrícola de São Miguel de realizar o concurso nacional desta raça nos Açores

Na inauguração do III Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono, organizado pela Associação Agrícola de São Miguel, o Presidente do Governo Regional Vasco Cordeiro, apelou a que se aproveitassem os "indícios de melhoria" nos mercados internacionais para se conseguir responder aos desafios estruturais com que se depara o setor.

O Presidente do Governo Regional referiu que se começam a assistir a "alguns indícios de que há uma alteração em alguns países europeus quanto ao preço do leite pago à produção, há também sinais ao nível dos mercados internacionais de lacticínios de melhoria dos preços" e a repercussão que estes indícios podem ter no preço pago à produção nos Açores. Vasco Cordeiro salientou que é necessário "aproveitar essa janela de oportunidade, que não sabemos de quanto tempo será nem a sua intensidade, para criar cada vez melhores e mais sólidos alicerces para que o setor possa ultrapassar os momentos mais difíceis".

A este propósito o Presidente do Governo Regional disse que terão de ser todos os envolvidos nesse processo e nesse setor a preocupar-se com essa janela de oportunidades, apesar de haver situações "que se podem resolver com o tempo, como as conjunturas políticas, e situações muito profundas de alterações estruturais deste setor ao nível europeu e que não desaparecerão".

Como exemplo deu o regime de quotas, em que "mesmo tendo presentes os esforços de alguns países, de entre os quais o nosso, de reativar a discussão, temos que nos preparar para uma situação em que isso possa acontecer, o que coloca desafios muito sérios e muito grandes ao setor leiteiro nas suas diversas componentes, num conjunto de variáveis, de aspetos que desembocam quer na competitividade deste setor em termos da sua indústria, quer no rendimento dos agricultores que dele fazem a sua vida".

Na sua intervenção, Vasco Cordeiro deixou por isso um apelo a que no âmbito do Centro Açoriano de Leite e Lacticínios (CALL) "se criem as condições, não apenas para podermos responder a esta questão: nós temos um problema e como é que o resolvemos; mas que, sobretudo, possamos responder à questão como é que nós evitamos que apareçam problemas". Algo que deve ser feito "com a colaboração de todos e, relativamente a este esforço, naturalmente que o Governo não só não está isento, como está interessado e empenhado em contribuir para que o problema seja evitado", referiu.

Especificando, Vasco Cordeiro destacou que "mais do que em termos concretos e práticos podermos nesta conjuntura que vivemos ter uma aproximação mais conjuntural aos efeitos que a melhoria deste ou daquele indicador, o apelo que deixo é que desde logo no âmbito do CALL podermos ter essa abordagem estrutural". O Presidente do Governo Regional destacou que "vindo a confirmar-se uma melhoria de mercados de laticínios a nível internacional com o previsível impacto ao nível do preço ao produtor, é importante aproveitamos esse momento de respirar mais à vontade para podermos criar novas vias, novos caminhos, novos comportamentos até que possam consolidar a capacidade que o setor tem para responder aos desafios do futuro". Se isso for feito, continuou, "o serviço que estamos a prestar não é apenas em relação ao presente, mas sobretudo em relação ao futuro de um setor que é importante para a nossa Região e, na inter-relação que estabelece com outro setor como o turismo, do qual temos ainda muito a esperar quer na criação de riqueza, quer na criação de desenvolvimento na nossa Região".

E porque o setor agrícola assume "um papel essencial" num conjunto de outras áreas da economia da Região, Vasco Cordeiro lembrou o papel que a agricultura tem no setor turístico e o que oferece aos turistas que visitam o arquipélago. "O mesmo podia ser dito da importância que o turista que vem cá tem, para consumir leite, manteiga, queijo", ressalvando a ligação existente entre os dois setores "cada vez mais dependente um do outro e essa dependência é mútua e interessa que criemos as condições para que possa reverter em benefício dos setores da nossa economia e em termos de desenvolvimento da nossa Região".

O Presidente do Governo Regional aproveitou também para reforçar a sua posição quanto à visão da Europa acerca das reformas antecipadas. "Infelizmente, na minha perspectiva, a Europa entendeu que esta não era uma via para poder ajudar a solucionar este momento de tensão e pressão que se vive. Na minha opinião entendeu mal porque a parte do rejuvenescimento do setor, e por essa via a possibilidade de usarmos verbas comunitárias para lançarmos processos de reformas antecipadas, é algo que se perdeu no atual Quadro Comunitário de Apoio e que não se devia ter perdido". Para Vasco Cordeiro, "é sempre mais difícil, mais complexo e com menos impacto quando estes processos são lançados com verbas exclusivamente do orçamento da Região, que naturalmente tem as solicitações que todos conhecemos e que tem, neste momento de maior dificuldade, respondido em relação àquilo que são as necessidades do setor agrícola dando sinal muito claro daquele que é o nosso compromisso para o futuro do setor e para com a sua sustentabilidade".

A propósito do III Concurso Micaelense Holstein Frísia de Outono, Vasco Cordeiro reconheceu a importância do evento que evidencia a qualidade do setor do leite. "Desse ponto de vista, este evento é uma forma de se evidenciar a qualidade que temos na Região, que começa não só mas também no efetivo pecuário mas que acaba também, fruto de um conjunto de outras circunstâncias, por se manifestar dos produtos que daí derivam".

Sobre o desafio feito pelo Presidente da Associação Agrícola de São Miguel de se realizar nos Açores um concurso a nível nacional da raça Holstein Frísia, Vasco Cordeiro referiu que "o Governo acarinha e acompanha esta proposta porque temos condições para poder também aqui, não apenas mostrar o que temos para oferecer, mas para demonstrar o bom saber fazer dos agricultores açorianos".

O Presidente do Governo Regional destacou uma vez mais a iniciativa da Associação Agrícola de São Miguel no sentido de realizar iniciativas que evidenciam a qualidade do setor, o que também significa um serviço em prol da competitividade e do sucesso do setor agrícola.